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May defende o cargo após demissões de ministros por Brexit

A primeira-ministra enfrenta o mal-estar dos eurocéticos que acreditam que ela esteja fazendo muitas concessões a Bruxelas nas negociações do Brexit

O ministro das Relações Exteriores renunciou ao cargo nesta segunda (9) e disse em carta que o Reino Unido se encaminha para ser uma "colônia" da UE sob o comando de May (Wolfgang Rattay/Reuters)
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AFP

Publicado em 10 de julho de 2018 às 13h44.

Última atualização em 10 de julho de 2018 às 15h07.

A primeira-ministra britânica, Theresa May , presidiu nesta terça-feira (10) uma reunião de um governo com cara nova, após as demissões da véspera pelas divergências em torno do Brexit, e demonstrou estar determinada a não dar o braço a torcer.

May enfrenta o mal-estar dos eurocéticos de seu Partido Conservador, que acreditam que ela esteja fazendo muitas concessões a Bruxelas nas negociações de saída da UE, mas tem o apoio dos moderados. Até o momento, não há qualquer movimentação para submetê-la a uma moção de confiança.

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Boris Johnson, que era até a segunda-feira o ministro das Relações Exteriores, escreveu em sua carta de renúncia que "o sonho do Brexit morre" e que, sob o comando de May, o Reino Unido se encaminha para o status de "colônia" da UE.

A dramática demissão de Johnson, horas depois da do ministro do Brexit, David Davis, fez a libra cair nos mercados de divisas.

Havia rumores de novas demissões, mas elas não vieram, e May parece ter assumido o controle da situação.

"Minha impressão é que tudo já foi o mais longe que poderia ir. Não vejo mais ministros se demitindo", disse à AFP Simon Usherwood, professor de Ciência Política da Universidade de Surrey.

O popular Johnson foi substituído pelo ministro da Saúde Jeremy Hunt, que, ao contrário de seu antecessor, fez campanha para continuar na UE no referendo de 2016.

Dominic Raab, defensor do Brexit e ex-ministro da Habitação, foi nomeado em substituição a Davis a poucos dias da retomada das negociações com Bruxelas.

Hunt disse que é o momento de demonstrar que o Reino Unido tem "uma voz segura e forte no mundo".

Além disso, prometeu apoiar May "para que alcancemos um acordo com a União Europeia (UE) baseado no que o governo concluiu na semana passada na residência de Chequers".

Este plano decidido na residência de campo da primeira-ministra consiste em buscar "uma área de livre-comércio Reino Unido-UE" para bens, que exigirá imperativamente que os britânicos aceitem regulações europeias.

Brexit em perigo?

Britânicos e europeus esperam chegar a um acordo sobre os termos de saída e sobre a futura relação comercial em uma cúpula que acontecerá em outubro.

"Com somente algumas semanas para concluir as negociações de saída da UE, este é um momento crítico para o país", escreveu o jornal Financial Times em editorial.

"Esse confronto entre os partidários do Brexit e a realidade tinha que ter ocorrido há tempos", acrescentou, estimando que May tinha que tê-los enfrentado "antes que começassem formalmente as negociações".

Agora, May enfrenta "a sombra de um desafio à sua liderança", mas é possível que "após um período de demissões de sangria política, o Partido Conservador cerre fileiras em torno da primeira-ministra".

Os rivais conservadores de May podem iniciar uma moção de censura, se 48 deputados a solicitarem. Para isso, seriam necessários 159 votos, algo que é praticamente impossível.

A sobrevivência de May depende também da reação europeia a seus planos. Nesta terça-feira, ela se reunirá com a chanceler alemã, Angela Merkel, em Londres, em uma cúpula sobre os Bálcãs ocidentais.

O antigo líder conservador William Hague escreveu no Daily Telegraph que os críticos de May não apresentaram "qualquer alternativa concreta" para o Brexit e avisou que, se houver mais demissões, a própria saída da UE estaria "em perigo".

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