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Mais de um terço do mundo está exposto a desastres

São 2,57 bilhões que vivem em áreas urbanizadas de países com baixa e média renda e estão expostos a graves riscos

Inundações no Paquistão: riscos são maiores para os cerca de 1 bilhão de pessoas que moram em bairros insalubres pelo mundo (Getty Images/Reprodução)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

Nairóbi, Quênia - Mais da metade dos 6,9 bilhões de habitantes do planeta já vive em regiões urbanas e, deles, 2,57 bilhões são de cidades de países de renda baixa e média, expostos a graves riscos, segundo o Relatório Mundial de Desastres 2010, da Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV).

O documento, apresentado pela primeira vez fora de Genebra, alerta que a rápida e, às vezes, improvisada urbanização cria riscos consideráveis, sobretudo para os cerca de um bilhão de indivíduos que moram em bairros insalubres nas cidades.

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Uma estratégia urbana mais eficiente para evitar a marginalização e medidas para combater a mudança climática, além da melhora dos serviços sociais, são algumas das receitas da Cruz Vermelha para atenuar possíveis catástrofes.

"Um futuro propenso ao desastre é evitável. Tendência não é destino", repetiram os conferentes em várias ocasiões, entre os quais James Kisia, vice-secretário-geral da Cruz Vermelha do Quênia, e Helena Molin Valdés, subdiretora executiva da Estratégia Internacional para a Redução de Desastres da ONU.

O subsecretário-geral da Cruz Vermelha, Matthias Schmale, lembrou à Agência Efe, como exemplo das diferenças que podem acontecer em situações similares, que "Chile e Haiti sofreram terremotos com muito pouco tempo de diferença entre um e outro", e os efeitos foram desiguais.

"O (terremoto) do país andino foi inclusive de maior magnitude, embora não tenha sido na capital, mas se viu muito menos destruição e muito menos mortes no Chile (que no Haiti)", devido, segundo explicou, ao "maior investimento em prevenção de desastres e em moradias mais seguras" por parte da nação sul-americana.

"Se (o país) tem mais recursos, investirá mais em prevenção e estará mais bem preparado", concluiu Schmale.


Os riscos de desastre se originam mais da desigualdade que da pobreza, como acontece na América Latina, região na qual, segundo a Cruz Vermelha, há uma taxa de homicídios de 40%, superior à média, e a ampla percepção que os Governos só atendem à elite econômica.

O acesso à saúde ou uma situação de maior salubridade seguem sendo grandes diferenças entre os subúrbios urbanos e as cidades mais desenvolvidas, nas quais a mortalidade infantil devido à diarreia é impensável, enquanto é bastante comum em países como o Quênia, segundo o relatório.

Na América Latina, África e Ásia, continua o texto, quase 50% dos moradores de bairros urbanos contraem doenças derivadas do pouco acesso à água potável e a serviços sanitários.

O relatório demonstra também que bairros de Caracas, Manágua, Santa Fé (Argentina) e Tegucigalpa estão construídos em zonas de risco, que podem ser áreas próximas a rios ou vulcões.

"Sabemos que não é possível pegar as pessoas e transferi-las para lugares mais seguros, mas os governantes têm que se preocupar com os habitantes dessas áreas", ressaltou Schmale.


O mesmo expressou Robinson Githae, ministro de Desenvolvimento Urbano do Quênia, que participou do painel de debate posterior à apresentação: "Não temos nenhuma política urbana, e isso é necessário. Pela primeira vez os políticos aceitaram que esse tipo de assentamentos existe, e isso é um início".

O vice-secretário da organização no Quênia, por sua vez, expressou à Efe o desejo de que "o relatório alerte os Governos sobre os vínculos entre a pobreza e os riscos, mas também que as comunidades locais sejam conscientes de que o Governo não pode solucionar tudo e precisa do seu comprometimento", assinalou Kisia.

Como exemplo de desenvolvimento, Kisia mencionou alguns bairros da República Dominicana construídos nas proximidades de um rio e um aeroporto: "Quando lá voltei, após três anos, as condições tinham melhorado".

A clave para essa melhora, apontou Kisia, foi a vontade política para solucionar os problemas, "e é isso que é preciso", acrescentou.

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