Caravana de imigrantes da América Central em direção aos Estados Unidos (Hannah McKay/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de novembro de 2018 às 16h48.
Centenas de migrantes que partiram em uma caravana de Honduras, com o objetivo de chegar aos Estados Unidos, chegaram nesta sexta-feira (23) a um novo acampamento próximo à fronteira da cidade mexicana de Tijuana, na esperança de pressionar as autoridades americanas a abrir passagem para eles.
Cansados de viver apertados por vários dias em um abrigo que as autoridades de Tijuana improvisaram em um ginásio em um bairro da periferia, cerca de 200 centro-americanos - a maioria famílias hondurenhas com crianças - colocaram suas esteiras e cobertores no meio da rua, ao lado da passagem da fronteira conhecida como El Chaparral.
Depois de uma maratona de mais de um mês desde San Pedro Sula, pelo menos 4.700 migrantes chegaram diretamente ao abrigo, onde dormem a céu aberto e com poucos serviços sanitários. A maioria está doente, com surtos de gripe, infecções respiratórias e tuberculose.
"Não aguentamos o 'zancudal' (excesso de mosquitos) e a lama que está no abrigo, é uma poça de porcos, temos medo de uma epidemia", disse à AFP Billy Martinez, um hondurenho de 33 anos que viaja sozinho.
"Estamos aqui em paz, mas, ao mesmo tempo, para que (o presidente dos Estados Unidos) Donald Trump nos veja, que toque seu coração e nos deixe entrar em seu país", disse Dora Manda, uma hondurenha de 35 anos que dormiu com o marido e duas filhas em um cobertor fino em frente aos escritórios de imigração de El Chaparral.
"Aqui nós vamos morrer de fome e frio, será sua responsabilidade", acrescentou.
À medida que o inverno se aproxima dessa área desértica do noroeste do México, as temperaturas se tornam extremas, com forte calor de dia e temperaturas que podem ir abaixo de zero à noite.
A mudança do acampamento de migrantes para a fronteira mexicano-americana poderia alimentar ainda mais a tensão, depois que centenas de centro-americanos demonstraram na quinta-feira que as forças armadas dos Estados Unidos implantaram uma operação de treinamento intimidadora próxima ao portão binacional San Ysidro.
Trump, que acusou a caravana de querer fazer uma "invasão" em seu país, ameaçou repetidamente fechar a fronteira e ordenou o envio de até nove mil soldados.
As autoridades mexicanas reforçaram a segurança em Tijuana com mais de 100 policiais federais.
México e Estados Unidos dividem uma fronteira de mais de 3.000 quilômetros, pela qual cruzam um milhão de pessoas de maneira legal diariamente, enquanto o comércio na fronteira gera um milhão de dólares por minuto, segundo dados oficiais.