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Maioria nos EUA crê que falas de Trump encorajam supremacistas brancos

Pesquisa foi divulgada no início desta semana, poucos dias depois do massacre que deixou 11 mortos em uma sinagoga nos EUA

Homem em frente a um memorial em homenagem as vítimas de tiroteio em uma sinagoga em Pittsburgh, EUA (Cathal McNaughton/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 31 de outubro de 2018 às 11h15.

São Paulo – 54% dos americanos acredita que falas e ações do presidente americano, Donald Trump , encorajam grupos supremacistas brancos. É o que revelou uma pesquisa do Instituto Público de Pesquisa da Religião divulgada no início desta semana, poucos dias depois do massacre em uma sinagoga em Pittsburgh (EUA).

Ainda de acordo com o levantamento, apenas 5% disse crer que Trump, na realidade, agiu desencorajando esses grupos de ódio, enquanto 39% não concorda que o comportamento do presidente tenha tido qualquer impacto sobre essas pessoas.

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No recorte racial, 72% dos negros e 68% dos hispânicos vê nas falas de Trump tal encorajamento. Entre brancos, essa percentagem é de 45%, mais alta entre os mais escolarizados, 58%.

Trump sob críticas

Faltando poucos dias para as eleições legislativas que vão definir o futuro do Partido Republicano e, portanto, o futuro da gestão presidencial republicana, o presidente se vê novamente alvo de críticas em razão da maneira como se expressa após massacres a tiros como o que ocorreu em Pittsburgh.

Na ocasião do ataque contra a sinagoga, que é visto como o mais mortal contra judeus na história dos EUA, o republicano demorou a reconhecer as motivações antissemitas do atirador e se esquivou em falar sobre uma revisão nas leis de armas de fogo, debate intenso e antigo no país.

“É uma coisa terrível e terrível o que está acontecendo com o ódio em nosso país, francamente, e em todo o mundo”, disse ele em um primeiro comunicado. Depois, disse que “o mundo é um mundo violento”, acrescentou, referindo-se ao suspeito como “um louco, um desajustado”. Além disso, acusou a imprensa de gerar divisão e ódio no país.

O ataque deixou 11 mortos, todos judeus. Nesta quarta-feira, Trump e a primeira-dama, Melania, viajaram à Pittsburgh para oferecer condolências às famílias das vítimas e foram recebidos com protestos organizados pela comunidade judaica.

O autor dos disparos, Robert Bowers, de 46 anos, foi ferido após troca de tiros com a polícia e preso em seguida. Está sendo acusado de vários crimes, como crimes de ódio, e pode ser condenado à morte.

O ataque foi conduzido por ele enquanto gritava que “todos os judeus devem morrer”. Mais tarde, a investigação revelou que Bowers acusou nas redes sociais a Sociedade Hebraica de Ajuda aos Imigrantes, um grupo que ajuda refugiados, de trazer para o país “invasores que matam o nosso povo”.

Organizadores do protesto contra Trump repreenderam o presidente: “O atirador que destruiu nossa comunidade acredita nas suas mentiras sobre a caravana de imigrantes no México”, disseram, em referência ao grupo de imigrantes que marcha pelo México em direção aos EUA.

“Ele acreditou nas mentiras antissemitas de que judeus estariam financiando a caravana”. “Você não é bem-vindo em Pittsburgh até que condene completamente o nacionalismo racista branco”, continuaram os manifestantes.

Crimes de ódio nos Estados Unidos

Crimes de ódio nos Estados Unidos aumentaram nos últimos anos. Segundo uma pesquisa do Centro de Estudo do Extremismo e do Ódio da Universidade Estadual da Califórnia, o registro desse tipo de delito cresceu 12% em 2017 nas maiores cidades americanas, o maior nível em uma década.

A maioria deles é de cunho racial, especialmente contra a população negra. Entre os grupos religiosos, os judeus são os alvos mais frequentes deste tipo de ataque.

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