Mundo

Maduro reconhece problema de conflito de poderes

Maduro pediu que não se deixe cair nas "tentações de romper os equilíbrios necessários" e reconheceu que "não é fácil" conduzir o conflito de poderes


	O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: Maduro disse que, "reconhecendo os resultados eleitorais, se respeite à Constituição"
 (Spencer Platt/Getty Images)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro: Maduro disse que, "reconhecendo os resultados eleitorais, se respeite à Constituição" (Spencer Platt/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2016 às 08h07.

Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta sexta-feira em seu discurso anual no parlamento, cuja maioria pertence à oposição pela primeira vez em 17 anos, que não se deixe cair nas "tentações de romper os equilíbrios necessários" e reconheceu que "não é fácil" conduzir o conflito de poderes vivido atualmente no país.

Em uma sessão solene diante dos representantes de todos os poderes do Estado, o governo em plenário e os deputados da nova Assembleia Nacional (parlamento), Maduro disse que, "reconhecendo os resultados eleitorais, se respeite à Constituição e os poderes públicos e não se deixe cair na tentação de uma contrarrevolução que produza aventuras que serão lamentadas por todos".

O presidente afirmou que a oposição, que "acusou o chavismo de ter instalado um regime tirânico durante mais de duas décadas, hoje está aqui presente, com a maioria que hoje exerce na Assembleia, e que reconhecemos, graças à Constituição".

"Quanto foi falado que na Venezuela não haveria eleições?", questionou o presidente, que acrescentou que "nas circunstâncias econômicas adversas, terríveis" de 2015, o chavismo disse "que aceitaria os resultados e assim o fez".

Maduro admitiu que "não é fácil conduzir o conflito de poderes que existe na Venezuela" no qual há um embate entre "dois modelos, um revolucionário, socialista" e outro "que vocês (oposição) representam, que obtiveram uma maioria eleitoral, que pode ser circunstancial", disse em referência ao controle do parlamento pela oposição.

"Nós decidimos há tempos abandonar o caminho da luta armada e nos recusamos a voltar para ele, nosso caminho é a Constituição, nosso caminho é a paz", frisou o presidente.

Maduro reconheceu que não dava as mãos na Assembleia Nacional para o atual presidente do parlamento, Henry Ramos Allup, como fez hoje quando o mesmo o recebeu na entrada da câmara, desde 1999, quando ambos eram deputados.

Além disso, Maduro pediu aos presentes que perguntem a si mesmos o quê querem que aconteça no país em 2016.

"Queremos a paz para todos ou entrar em uma espiral de violência que Deus sabe aonde irá nos levar? Que o país tome o rumo de desenvolvimento crescente ou que a economia afunde?", questionou o chefe de Estado.

Nesse sentido, Maduro pediu foco nas "grandes metas nacionais para o trabalho e a prosperidade, que preservem a vida constitucional" do país.

Maduro também disse em seu discurso que era sua obrigação "protestar pelo tratamento dado aos símbolos e às imagens" do libertador Simón Bolívar e de seu antecessor Hugo Chávez, durante a instalação do novo parlamento.

Assim que a nova legislatura foi instalada, Ramos Allup ordenou a retirada dos retratos de Chávez que se encontravam na Assembleia, assim como uma imagem de Bolívar reconstruída por computador que também estava presente em várias dependências parlamentares.

"Bolívar é ponto de encontro de todas e de todos os venezuelanos, o mais sagrado e o maior", afirmou Maduro, que entregou ao presidente do parlamento uma documentação sobre o "grande trabalho científico" que foi realizado para reconstruir o rosto do libertador.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaNicolás MaduroPolíticaPolíticosVenezuela

Mais de Mundo

Kamala e Trump dizem que estão prontos para debate e Fox News propõe programa extra

Eleições nos EUA: como interpretar as pesquisas entre Kamala e Trump desta semana?

Eventual governo de Kamala seria de continuidade na política econômica dos EUA, diz Yellen

Maduro pede voto de indecisos enquanto rival promete 'não perseguir ninguém' se for eleito

Mais na Exame