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Maduro nega ter abandonado o diálogo com a oposição

Com ironia, Maduro reagiu a declarações de opositores, como o ex-candidato Henrique Capriles, que afirmou mais cedo que o governo tinha deixado a mesa

Maduro: "De fato, nos levantamos, nos levantamos muito felizes porque estou fazendo 54 anos", disse Maduro (REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)
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AFP

Publicado em 23 de novembro de 2016 às 21h57.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro , reafirmou nesta quarta-feira o compromisso com o diálogo para resolver a crise política em seu país, após denúncias da oposição de que o governo teria congelado as mesas de trabalho no processo de negociação.

"A mesa de diálogo continua avançando", disse Maduro à TV oficial, ao lado do ex-chefe de governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, facilitador dos diálogos, com quem se reuniu no palácio presidencial de Miraflores para revisar o andamento dos acordos.

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Com ironia, Maduro reagiu a declarações de opositores, como o ex-candidato presidencial Henrique Capriles, que afirmou mais cedo que o governo tinha deixado a mesa.

"De fato, nos levantamos, nos levantamos muito felizes porque estou fazendo 54 anos", disse Maduro, sorrindo.

Zapatero, por sua vez, agradeceu ao presidente "por esta afirmação de compromisso com o diálogo", iniciado em 30 de outubro, com os auspícios do Vaticano e da União das Nações Sul-americanas (Unasul).

As partes têm previsto celebrar uma terceira rodada de diálogos em 6 de dezembro.

"Quando o governo adota documentos, não o faz de forma apressada e cumpre com sua palavra", afirmou Maduro, exigindo do Parlamento de maioria opositora que acate as decisões do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) como parte dos acordos.

Capriles afirmou que o governo levantou-se da mesa em repúdio a uma discussão legislativa sobre o caso de dois sobrinhos da primeira-dama, Cilia Flores, condenados nos Estados Unidos por tráfico de drogas na sexta-feira passada.

Mas, em sua opinião, tratou-se de uma desculpa porque não está cumprindo com o que foi pactuado.

O ponto central, afirmou, deve ser a reativação de um referendo revogatório contra Maduro, cujo processo foi suspenso em 20 de outubro - ou uma antecipação das eleições presidenciais previstas para dezembro de 2018.

O presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, assegurou à AFP que a partir do debate, o Executivo deixou de assistir a duas reuniões das chamadas mesas temáticas, o que interpretou como seu congelamento.

Maduro não comentou esta versão e até agora não reagiu ao caso dos sobrinhos da esposa.

Antes da reunião entre Maduro e Zapatero, dirigentes da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) se reuniram nesta quarta-feira com a delegação da Unasul, integrada, além de Zapatero, pelos ex-presidentes Martín Torrijos (Panamá) e Leonel Fernández (República Dominicana).

O vice-presidente do Legislativo, Enrique Márquez, informou à AFP que a MUD e delegados do governo mantiveram entre terça e quarta-feira encontros em separado com o vice-secretário de Estado para Assuntos Políticos dos Estados Unidos, Thomas Shannon.

Segundo Márquez, o diplomata expressou à MUD sua "preocupação" com os poucos avanços nas negociações.

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