Lula fala em criar fórum internacional sobre guerra na Ucrânia
"Continuo achando que quando um não quer, dois não brigam", declarou o presidente, que também se disse disposto a conversar com Putin e Zelensky
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de janeiro de 2023 às 04h38.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que vai trabalhar pela criação de um fórum internacional semelhante ao G20 para discutir formas de encerrar a guerra entre Ucrânia e Rússia . De acordo com o petista, ele vai tratar sobre o tema nas visitas oficiais aos Estados Unidos e à China, marcadas para fevereiro e março, respectivamente.
"O Brasil está disposto a dar a sua contribuição", afirmou o presidente ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz, com quem se reuniu hoje no Palácio do Planalto. Para Lula, está na hora de a China "colocar a mão na massa" para negociar o fim da guerra com a Ucrânia . Pequim tem sido uma aliada de primeira hora da Rússia no conflito.
Lula ressaltou que o Brasil não está disposto a fornecer armamento para o conflito, como fizeram nações ocidentais. "O Brasil não quer ter qualquer participação, mesmo que indireta, na guerra", afirmou.
Na mesma coletiva, ao lado de Scholz, Lula declarou ainda que a Alemanha deveria contribuir para que a Organização Mundial do Comércio (OMC) "voltasse a funcionar". "Queremos voltar a negociar na OMC", declarou o petista, que disse gostar de instituições multilaterais.
'Quando um não quer, dois não brigam'
O presidente também afirmou nesta segunda-feira que a Rússia está errada em invadir a Ucrânia. Ainda assim, sugeriu que Kiev poderia ter agido mais para evitar o conflito. "Continuo achando que quando um não quer, dois não brigam", declarou.
Lula afirmou ter mais clareza hoje para dizer cabalmente que a Rússia cometeu "um erro", mas ponderou ter ouvido pouco sobre como chegar à paz. "A razão dessa guerra entre Rússia e Ucrânia precisa ficar mais clara", declarou o presidente. Em uma postura nacionalista, a Rússia invadiu a Ucrânia para evitar a adesão do país vizinho à Otan e frear a aproximação com o Ocidente.
O petista se disse disposto a, se preciso for, conversar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Logo após a declaração de Lula, Scholz afirmou que a Alemanha tem uma posição clara, que é contrária à invasão da Ucrânia.