Líder opositor russo acusa governo de sabotar sua candidatura
Navalny, que ganhou fama expondo a corrupção estatal, disse que mesmo assim irá disputar a corrida presidencial
Reuters
Publicado em 8 de fevereiro de 2017 às 16h11.
Kirov/Moscou - O líder opositor russo Alexei Navalny acusou o Kremlin de tentar impedi-lo de concorrer à eleição presidencial do ano que vem depois que um tribunal o condenou por desfalque nesta quarta-feira.
Navalny, que ganhou fama expondo a corrupção estatal, disse que mesmo assim irá disputar a corrida presidencial, mas não ficou claro de imediato se isso é legalmente possível --a lei russa impede que condenados por este tipo de crime pleiteiem cargos eletivos.
"O que estamos vendo agora é uma espécie de telegrama enviado do Kremlin, dizendo que acreditam que eu, minha equipe, e as pessoas cujas opiniões eu expresso somos perigosos demais para nos permitirem participar da campanha eleitoral", disse Navalny.
"Não reconhecemos esta decisão. Tenho todo o direito de participar da eleição, de acordo com a Constituição, e o farei", afirmou aos repórteres na sala do tribunal momentos antes de o veredicto ser entregue.
A corte da cidade provincial de Kirov considerou Navalny culpado de peculato em relação a uma empresa madeireira chamada Kirovles e lhe imputou uma pena suspensa de cinco anos de prisão, além de uma multa equivalente a 8.442,04 dólares. O ativista negou ser culpado.
No final do ano passado, Navalny anunciou a intenção de concorrer a presidente em 2018, quando o mandato atual de Vladimir Putin termina. Putin não informou se irá buscar a reeleição, mas a maioria dos observadores do Kremlin acredita que o fará.
Se Navalny tiver permissão de concorrer e enfrentar Putin, pesquisas de opinião apontam que o oposicionista irá perder por uma grande diferença --mas ter Navalny na cédula pode ser irritante para o Kremlin.
Sua presença também pode dar um foco a protestos antigoverno, especialmente nos grandes centros urbanos onde o ativista tem a maior parte de seus apoiadores.