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Líder do Hamas viaja ao Egito para negociar cessar-fogo em Gaza

Após mais de dois meses de guerra e diante da pressão internacional, as duas partes parecem dispostas a estabelecer uma segunda trégua

Israel-Hamas: líder do movimento islamista palestino exilado no Catar, Ismail Haniyeh, desembarcou no Egito para uma reunião com Abbas Kamel (JACK GUEZ/AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 06h47.

O líder do Hamas chegou nesta quarta-feira, 20, ao Egito para negociações sobre um cessar-fogo em Gaza , depois que Israel anunciou que estaria disposto a aceitar uma nova pausa em troca da libertação de reféns.

Após mais de dois meses de guerra e diante da pressão internacional, as duas partes parecem dispostas a estabelecer uma segunda trégua. A primeira, que durou uma semana, resultou na libertação de 105 reféns sequestrados pelo Hamas e de 240 palestinos detidos em prisões israelenses.

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O líder do movimento islamista palestino exilado no Catar, Ismail Haniyeh, desembarcou no Egito para uma reunião com Abbas Kamel, diretor do serviço de inteligência deste país.

Haniyeh chegou ao Cairo "para negociações com autoridades egípcias sobre o desenvolvimento da agressão sionista na Faixa de Gaza e outros temas", afirmou a organização islamista palestina em um comunicado.

As negociações se concentrarão em "interromper a agressão e a guerra, preparar um acordo sobre a libertação de prisioneiros (palestinos) e acabar com o cerco imposto à Faixa de Gaza", afirmou na terça-feira uma fonte do Hamas à AFP.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, declarou na terça-feira que o país está "preparado para outra pausa humanitária e ajuda humanitária adicional para facilitar a libertação de reféns".

Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007, depois que o movimento palestino atacou o país em 7 de outubro, uma ofensiva que matou quase 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado nos dados oficiais mais recentes divulgados pelas autoridades israelenses.

Quase 250 pessoas foram tomadas como reféns no ataque e 129 delas continuam em Gaza, segundo o governo de Israel.

No território palestino, 19.667 pessoas, a maioria mulheres, crianças e adolescentes, morreram nos bombardeios israelenses, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Segundo o portal americano de notícias Axios, David Barnea, diretor do serviço de inteligência israelense Mossad, se reuniu na Europa com o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman Al Thani, e com o diretor da CIA, Bill Burns, para discutir um possível acordo de libertação de reféns.

Axios também informou que Israel propôs uma pausa nos combates em Gaza de pelo menos uma semana em troca de mais de 30 reféns sob poder do Hamas.

O Catar, com apoio do Egito e dos Estados Unidos, ajudou a negociar a trégua de uma semana de novembro.

Negociações na ONU

As negociações também prosseguirão nesta quarta-feira na ONU. Desde segunda-feira, o Conselho de Segurança não consegue votar uma resolução para acelerar o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

A votação foi adiada duas vezes e os membros do Conselho buscam a fórmula adequada para evitar o veto dos Estados Unidos, principal aliado de Israel. O texto, que inicialmente pedia um "cessar urgente e duradouro das hostilidades" em Gaza, agora cita a "suspensão" dos combates.

Enquanto as negociações continuam, Israel mantém a ofensiva contra Gaza. Fontes do Hamas afirmaram nesta quarta-feira que pelo menos 11 pessoas morreram em bombardeios noturnos.

Sob cerco total de Israel desde 9 de outubro, o território palestino enfrenta uma profunda crise humanitária: a maioria dos hospitais está fora de serviço e 85% da sua população, ou seja, 1,9 milhão de pessoas, fugiu da destruição no norte do enclave para buscar refúgio no sul.

Um relatório do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU publicado nesta quarta-feira destaca que metade da população sofre de fome extrema ou grave.

"Sem água potável, os alimentos e o saneamento que apenas um cessar-fogo humanitário pode proporcionar, as mortes de crianças por doenças podem superar o número de mortos nos bombardeios", alertou um porta-voz do Unicef na terça-feira.

Com suas casas em ruínas, muitos habitantes de Gaza procuraram refúgio em abrigos superlotados, onde lutam para encontrar comida, água e atendimento médico.

"Não sabemos para onde ir. Hoje não há água, não há comida, não há nada", disse Nizar Chahine, um jovem de 15 anos deslocado pelos combates em Rafah, cidade do sul de Gaza que recebeu centenas de milhares de pessoas.

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