Justiça francesa absolve professor que ajudou migrantes ilegais
Promotoria havia pedido uma pena de prisão de seis meses com sursis contra o professor da Universidade de Nice
AFP
Publicado em 6 de janeiro de 2017 às 13h38.
Um tribunal francês absolveu nesta sexta-feira um professor universitário processado por ter ajudado migrantes eritreus ilegais provenientes da Itália, ao determinar que ele atuou para preservar a dignidade dessas pessoas.
A promotoria havia pedido uma pena de prisão de seis meses com sursis contra o professor da Universidade de Nice.
Pierre-Alain Mannoni, de 45 anos, foi interceptado em 18 de outubro, perto da fronteira com a Itália, quando transportava em seu veículo três eritreus, incluindo uma menor, que iria abrigar em sua casa.
Ele se beneficiou de uma lei de 2012 que prevê imunidade para as pessoas que ajudam migrantes sem receber retribuição e que agem se a vida dessas pessoas está em perigo.
Em um caso similar, um agricultor francês foi julgado na quarta-feira em um tribunal de Nice (sudeste da França) por ter ajudado migrantes em situação irregular e abrigado em sua fazenda localizada perto da fronteira com a Itália.
A justiça francesa acusa Cédric Herrou, de 37 anos, de ter "ajudado na entrada, circulação e residência em situação irregular" de migrantes.
Este agricultor, que se tornou um herói popular, pode ser condenado a até cinco anos de prisão e a uma multa de 30.000 euros se for considerado culpado.
A fazenda de Herrou está localizada em um vale na fronteira entre a França e a Itália, perto de uma rota pela qual passam migrantes que procuram refúgio na Europa, fugindo da guerra e da pobreza nos seus países de origem.
"Se temos de infringir a lei para ajudar as pessoas, vamos fazer isso!", declarou Herrou ao chegar ao tribunal.
Ele também acusou a polícia francesa de prender "milhares" de crianças e levá-las de volta para a fronteira.
A Europa está enfrentando sua pior crise de imigração desde a Segunda Guerra Mundial, com a chegada de 1,5 milhão de migrantes que atravessaram o Mediterrâneo desde 2014.