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Alemanha condena contador de Auschwitz a 4 anos de prisão

O tribunal alemão o declarou culpado e superou o pedido da promotoria, que tinha solicitado uma pena de três anos e meio de prisão


	Oskar Groening, ex-membro do Exército nazista deixa tribunal de andador após ser condenado em Lueneburg pela morte de cerca de 300 mil judeus
 (REUTERS/Fabian Bimmer)

Oskar Groening, ex-membro do Exército nazista deixa tribunal de andador após ser condenado em Lueneburg pela morte de cerca de 300 mil judeus (REUTERS/Fabian Bimmer)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2015 às 07h11.

Berlim - Conhecido como "contador de Auschwitz", o ex-membro do Exército nazista Oskar Groening, de 94 anos, foi condenado nesta quarta-feira pela Audiência de Lüneburg, no norte da Alemanha, a quatro anos de prisão por cumplicidade na morte de cerca de 300 mil judeus no campo de extermínio.

O tribunal alemão o declarou culpado e superou o pedido da promotoria, que tinha solicitado uma pena de três anos e meio de prisão, enquanto a defesa pedia a livre absolvição de Groening.

A Audiência de Lüneburg deverá analisar agora se o "contador de Auschwitz" cumprirá a pena na prisão, devido sua avançada idade e precário estado de saúde, fato que motivou várias interrupções do julgamento.

O processo contra Groening tinha sido aberto em abril com uma ampla confissão do réu, que admitiu sua cumplicidade nas mortes, correspondentes à chamada "Operação Hungria" em que mais de 450 mil judeus foram enviados a Auschwitz, dos quais 300 mil foram assassinados na câmara de gás após a chegada ao campo.

Groening entrou na Waffen SS da Alemanha nazista em 1941 e, um ano depois, começou a servir em Auschwitz, onde se encarregou de apreender os pertences dos que chegavam e de fazer com que o dinheiro e os objetos de valor expropriados fossem levados a Berlim.

Sua função era expropriar o dinheiro, a bagagem e os demais pertences dos que chegavam como deportados a Auschwitz, com o que contribuiu para o financiamento do Terceiro Reich.

O julgamento esteve marcado pelas sucessivas interrupções por causa da saúde do réu e também pelo confronto com alguns representantes da acusação, familiares das vítimas e sobreviventes do campo de concentração.

Groening voltou a pedir o perdão das vítimas, mas ao longo do julgamento negou ter participado diretamente da escolha de quem seria enviado às câmaras de gás ou permaneceria realizando trabalhos forçados.

O processo de Groening, 70 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, é considerado um marco de justiça tardia contra crimes de guerra. Seu precedente mais direto foi a pena de cinco anos de prisão ditada em 2011 contra o ucraniano John Demjanjuk, que foi guarda voluntário no campo de Sobibor, na Polônia ocupada.

O processo contra Demjanjuk foi muito mais longo que o de Groening e, ao contrário deste, o acusado não se pronunciou em nenhum momento sobre os crimes dos quais era acusado, mas assistiu às audiências sempre em silêncio, em uma maca ou na cadeira de rodas.

Com sua condenação se criou, no entanto, jurisprudência para julgar por crimes de guerra não só os que intervieram diretamente nestes, mas também os considerados cúmplices da maquinaria da morte nazista.

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