Ataque em Gaza: mais de 2.100 palestinos morreram na ofensiva israelense (Ahmed Zakot/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2014 às 13h58.
Jerusalém - A Procuradoria Militar de Israel abriu até hoje mais de 90 processos de investigação sobre a recente ofensiva em Gaza, incluindo a morte de quatro crianças em uma praia no território ocupado e de 14 palestinos em uma escola da ONU, segundo o jornal "Yedioth Ahronoth".
O ataque a um colégio da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) no norte da Faixa de Gaza ocorreu em 24 de julho. O incidente em que quatro crianças morreram em uma praia de Gaza aconteceu uma semana depois.
O anúncio da Procuradoria Militar coincide com declarações do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de que uma comissão independente investigará todos os casos de ataques a escolas das Nações Unidas.
O exército israelense afirmou na época que os ataques foram uma resposta ao lançamento de foguetes procedentes desses locais por milicianos palestinos, mas agora será o setor jurídico militar quem irá realizar a investigação.
Embora faça parte das Forças Armadas, a Procuradoria Militar israelense tem independência na investigação de delitos e seus analistas acompanharam a operação em Gaza o tempo todo.
Dos 90 processos, 44 são denúncias de que o exército atacou a palestinos não envolvidos nos combates com o Hamas e outras milícias.
Entre os casos abertos está o roubo de dinheiro de uma casa de um palestino por um soldado, abusos contra um detido durante vários dias e a morte de uma palestina quando saía de sua casa.
Na ofensiva, que durou 50 dias e foi a mais sangrenta na região desde 1967, morreram mais de 2.100 palestinos e 70 israelenses.
A investigação de todos os casos denunciados faz parte da estratégia de Israel para evitar que algum de seus comandantes seja julgado em tribunais internacionais.
A comunidade internacional e organismos de direitos humanos tenham acusaram o exército de crimes de guerra.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU criou sua própria comissão investigadora. O governo de Israel anunciou, no entanto, que não colaborará oficialmente com ela por considerar que seu mandato é tendencioso ao não incluir a investigação de crimes cometidos pelo Hamas e milícias palestinas.
Apesar disso, Israel deu a entender que permitiria que informações chegassem à comissão de forma indireta.