Mundo

Juiz reabre caso Guantánamo e pode investigar Bush

Juiz espanhol aceitou o pedido de dois ex-presos do local e abriu um processo

Prisão de Guantánamo: além de Bush, Dick Cheney e Donald Rumsfeld também podem ser investigados  (Virginie Montet/AFP)

Prisão de Guantánamo: além de Bush, Dick Cheney e Donald Rumsfeld também podem ser investigados (Virginie Montet/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2012 às 13h57.

Madri - Um juiz espanhol da Audiência Nacional reafirmou nesta sexta-feira sua competência para investigar os supostos crimes de tortura em Guantánamo, em resposta a uma queixa apresentada por dois ex-presos da base militar americana em Cuba.

O juiz Pablo Ruz também pediu à Procuradoria, em uma ação notificada nesta sexta-feira, que o relatório considere o ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush como um dos 'supostos responsáveis' pelos abusos ocorridos no centro de detenção.

O juiz justifica sua decisão de reabrir o caso pela 'falta absoluta de resposta' das autoridades dos Estados Unidos e do Reino Unido aos diversos questionamentos enviados às autoridades desses países sobre se estão investigando os fatos.

A causa instruída por Ruz foi aberta há quase três anos por conta da queixa apresentada pelo espanhol Hamed Abderrahman Ahmed e o marroquino que vive na Espanha Lahcen Ikassrien, que ficaram detidos em Guantánamo, contra Bush e outros altos cargos da administração americana.

Entre eles está o ex-vice-presidente Dick Cheney, o ex-secretário de Estado da Defesa Donald Rumsfeld e os generais Michael Lehner e Geoffrey Miller, responsáveis pelo campo de detenção.

Posteriormente, outros dois ex-detentos em Guantánamo - Abdul Latif Al Banna e Omar Deghayes - se somaram à causa.

Segundo Ruz, os fatos denunciados pelos ex-presos podem ser considerados crimes de tortura e contra a integridade moral às pessoas e bens protegidos em caso de conflito armado (crimes de guerra).

O juiz considera que os requisitos para uma ação exigidos pela lei estão sendo cumpridos, já que existe um 'vínculo de conexão relevante com a Espanha', que a própria Audiência Nacional reconheceu expressamente em fevereiro de 2011 no caso de Ikassrien, devido a seu vínculo com o país.


Além disso, não há 'até o momento' nenhum procedimento aberto em outro país 'que configure uma investigação efetiva de tais fatos passíveis de punição', já que apesar dos requerimentos neste sentido, nem os EUA nem o Reino Unido informaram o juiz, acrescenta Ruz.

Deste modo, o magistrado pede ao promotor que relate 'as pessoas contra as quais entende ser pertinente dirigir a ação penal como supostos responsáveis dos fatos objeto de investigação, concretizados nos sofrimentos passados pelos quatro denunciantes'.

Para credenciar esses padecimentos, o magistrado determina também praticar um exame legista em Hamed Abderrahman Ahmed e Lahcen Ikassrien 'avaliando a existência de lesões ou sequelas (...) relacionadas com os fatos' investigados e que tenham representado ou representem 'sofrimentos físicos ou mentais'.

Quando dispuser dos relatórios solicitados, o juiz notificará a queixa aos que forem considerados 'supostos responsáveis' dos fatos e decidirá se entre eles deve figurar também o ex-diretor da CIA (agência de inteligência americana) George Tenet.

Também decidirá nesse momento se chama a depor como testemunhas os brigadeiros generais do Exército americano Jay W. Hood, Mitchell R. Leclaire e James T. Payne III, que assinaram alguns documentos sobre as torturas em Guantánamo. EFE

Acompanhe tudo sobre:EspanhaEstados Unidos (EUA)EuropaJustiçaPaíses ricosPiigs

Mais de Mundo

Legisladores democratas aumentam pressão para que Biden desista da reeleição

Entenda como seria o processo para substituir Joe Biden como candidato democrata

Chefe de campanha admite que Biden perdeu apoio, mas que continuará na disputa eleitoral

Biden anuncia que retomará seus eventos de campanha na próxima semana

Mais na Exame