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Jovem jornal sírio defende direito à verdade em guerra

A redação foi instalada em um antigo escritório dos correios de um povoado do norte da província de Alepo

Exemplares do jornal sírio Soria al-Houra na redação em Alepo: o jornal têm cinco correspondentes na província. (©afp.com / Jm Lopez)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2013 às 14h10.

Alepo - Costuma-se dizer que a verdade é a primeira vítima da guerra, mas Khaled al-Hatib e alguns jornalistas estão determinados a provar o contrário com o periódico que há um mês circula pelas áreas controladas pelos rebeldes no norte da Síria .

"Nós não somos porta-vozes de ninguém… Somos jornalistas", disse à AFP o chefe de redação do Soria al-Houra (Síria Livre, em árabe), que tenta se tornar um canal-chave de informação em um país dividido pelo conflito.

"Nunca publicamos nada sem termos 100% de certeza. Muitas vezes tentam nos manipular", afirma Hatib, um ex-professor de Geografia da Universidade de Alepo, que junto com dez colegas -todos de 25 a 30 anos- fundou o jornal.

A redação foi instalada em um antigo escritório dos correios de um povoado do norte da província de Alepo. "Não podemos dizer onde estamos exatamente, porque já recebemos várias ameaças de morte", disse Hatib.

Antes do início da rebelião, em março de 2011, "a imprensa servia apenas para elogiar Bashar al-Assad", resume o chefe de redação.

Um projeto como o de Hatib e de seus colaboradores não deve ser bem visto pelas milícias do regime, as temíveis shabiha.

"Em nossa página no Facebook (www.facebook/soria.alhoura), um shabiha chegou a nos dizer que, se algum dia nos encontrasse, quebraria nossos pés e mãos e depois nos mataria".

Mas as relações nem sempre são fáceis com os membros do Exército Sírio Livre (ESL), que sabem onde localizá-los. "Há líderes de algumas katibas (unidades de combate rebeldes) que não querem contato conosco porque denunciamos vários erros do ESL", comenta.


O escritório da redação do Soria al-Houra é modesto. Nele se destaca uma caricatura de Assad, vestido de super-herói e tentando impedir que uma bota (com a forma da Síria) o esmague.

A cobertura do diário é ampla: "Aborda a situação da guerra no país, passando por informações acerca da revolução, a posição da comunidade internacional em relação à Síria, notícias locais, destruições de casas e povoados, e combates", enumera Hatib.

Este periódico -impresso na Turquia (a primeira edição em Istambul e as outras três em Gaziantep)- nasceu em 7 de dezembro, em formato tabloide, de oito páginas.

"Começamos com nosso próprio dinheiro… Aos poucos fomos encontrando mecenas que investiram no projeto; Em um caso, um dos números foi pago, totalmente, por uma katiba de soldados", conta. Com um custo semanal de 150.000 libras sírias (pouco mais de US$ 2.000) por número, tem uma tiragem de 6.000 exemplares e chega a todo o país.

"Os soldados vêm até aqui para pegar vários exemplares e levá-los as suas bases. Pode ser que tenhamos uns 60.000 leitores para cada número", diz, lembrando que se trata de "um jornal gratuito para os leitores".

"No jornal não há uma só coluna de opinião, nem editorial", e seus artigos se dirigem "aos soldados, aos civis… a todo o mundo", disse Khaled.


"No Facebook temos uma página- com mais de 1.500 seguidores em três semanas- para que os leitores deem a sua opinião e comentem as notícias".

O jornal têm cinco correspondentes na província de Alepo. "Eles nos enviam as notícias pela internet ou vêm à redação trabalhar, mas, por segurança, nem sempre conseguem".

Hatib conta as origens da aventura deste grupo de universitários que até três meses atrás distribuía panfletos e organizava protestos.

"Chegou um momento em que ficamos cansados de ler informações na internet sobre a revolução sem saber se eram corretas. Daí pensamos em ir buscá-las nós mesmos… E, além disso, queríamos denunciar todos os erros que estão sendo cometidos nesta revolução, para que sejam solucionados".

Por exemplo, "em um dos números denunciamos que muitas pessoas que recebem ajuda para comer acabam vendendo os alimentos no mercado negro para ganhar dinheiro em vez de alimentar suas famílias".

"Tivemos alguns problemas com os rebeldes devido a algumas notícias que não agradaram a eles", admite Hatib. Mas a equipe não está disposta a sacrificar sua liberdade: "Já vivemos durante mais de 30 anos sob o jugo da opressão… É hora de sermos livres", afirma o chefe de redação.

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Alepo - Costuma-se dizer que a verdade é a primeira vítima da guerra, mas Khaled al-Hatib e alguns jornalistas estão determinados a provar o contrário com o periódico que há um mês circula pelas áreas controladas pelos rebeldes no norte da Síria .

"Nós não somos porta-vozes de ninguém… Somos jornalistas", disse à AFP o chefe de redação do Soria al-Houra (Síria Livre, em árabe), que tenta se tornar um canal-chave de informação em um país dividido pelo conflito.

"Nunca publicamos nada sem termos 100% de certeza. Muitas vezes tentam nos manipular", afirma Hatib, um ex-professor de Geografia da Universidade de Alepo, que junto com dez colegas -todos de 25 a 30 anos- fundou o jornal.

A redação foi instalada em um antigo escritório dos correios de um povoado do norte da província de Alepo. "Não podemos dizer onde estamos exatamente, porque já recebemos várias ameaças de morte", disse Hatib.

Antes do início da rebelião, em março de 2011, "a imprensa servia apenas para elogiar Bashar al-Assad", resume o chefe de redação.

Um projeto como o de Hatib e de seus colaboradores não deve ser bem visto pelas milícias do regime, as temíveis shabiha.

"Em nossa página no Facebook (www.facebook/soria.alhoura), um shabiha chegou a nos dizer que, se algum dia nos encontrasse, quebraria nossos pés e mãos e depois nos mataria".

Mas as relações nem sempre são fáceis com os membros do Exército Sírio Livre (ESL), que sabem onde localizá-los. "Há líderes de algumas katibas (unidades de combate rebeldes) que não querem contato conosco porque denunciamos vários erros do ESL", comenta.


O escritório da redação do Soria al-Houra é modesto. Nele se destaca uma caricatura de Assad, vestido de super-herói e tentando impedir que uma bota (com a forma da Síria) o esmague.

A cobertura do diário é ampla: "Aborda a situação da guerra no país, passando por informações acerca da revolução, a posição da comunidade internacional em relação à Síria, notícias locais, destruições de casas e povoados, e combates", enumera Hatib.

Este periódico -impresso na Turquia (a primeira edição em Istambul e as outras três em Gaziantep)- nasceu em 7 de dezembro, em formato tabloide, de oito páginas.

"Começamos com nosso próprio dinheiro… Aos poucos fomos encontrando mecenas que investiram no projeto; Em um caso, um dos números foi pago, totalmente, por uma katiba de soldados", conta. Com um custo semanal de 150.000 libras sírias (pouco mais de US$ 2.000) por número, tem uma tiragem de 6.000 exemplares e chega a todo o país.

"Os soldados vêm até aqui para pegar vários exemplares e levá-los as suas bases. Pode ser que tenhamos uns 60.000 leitores para cada número", diz, lembrando que se trata de "um jornal gratuito para os leitores".

"No jornal não há uma só coluna de opinião, nem editorial", e seus artigos se dirigem "aos soldados, aos civis… a todo o mundo", disse Khaled.


"No Facebook temos uma página- com mais de 1.500 seguidores em três semanas- para que os leitores deem a sua opinião e comentem as notícias".

O jornal têm cinco correspondentes na província de Alepo. "Eles nos enviam as notícias pela internet ou vêm à redação trabalhar, mas, por segurança, nem sempre conseguem".

Hatib conta as origens da aventura deste grupo de universitários que até três meses atrás distribuía panfletos e organizava protestos.

"Chegou um momento em que ficamos cansados de ler informações na internet sobre a revolução sem saber se eram corretas. Daí pensamos em ir buscá-las nós mesmos… E, além disso, queríamos denunciar todos os erros que estão sendo cometidos nesta revolução, para que sejam solucionados".

Por exemplo, "em um dos números denunciamos que muitas pessoas que recebem ajuda para comer acabam vendendo os alimentos no mercado negro para ganhar dinheiro em vez de alimentar suas famílias".

"Tivemos alguns problemas com os rebeldes devido a algumas notícias que não agradaram a eles", admite Hatib. Mas a equipe não está disposta a sacrificar sua liberdade: "Já vivemos durante mais de 30 anos sob o jugo da opressão… É hora de sermos livres", afirma o chefe de redação.

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