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Jornalistas encerram greve contra censura na China

Semanário chegou às bancas depois que seus jornalistas suspenderam uma greve para o abrandamento do controle sobre a imprensa

Uma pilha do jornal Semanário do Sul é vista em banca em Changzhou, na província de Jiangsu (Aly Song/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2013 às 10h54.

Guangzou - Um semanário chinês no centro dos protestos contra a censura na China chegou nesta quinta-feira às bancas, depois que seus jornalistas suspenderam uma greve, em meio a novos apelos para que o Partido Comunista abrande seu controle sobre a imprensa.

A greve no Semanário do Sul, na próspera província de Guangdong, começou depois que censores alteraram um editorial de duas páginas na edição de Ano Novo. Na ocasião, apelos pela proteção a direitos constitucionais foram substituídos por comentários de louvor ao regime.

A rara revolta na redação de um dos mais respeitados e liberais jornais chineses teve grande repercussão nacional, levando blogueiros com milhões de seguidores --como a atriz Yao Chen e o escritor Han Han-- a fazerem apelos pela liberdade de expressão.

A resposta do Partido Comunista a esse movimento será um importante indicativo sobre eventuais inclinações reformistas do novo dirigente Xi Jinping.

Na quinta-feira, agentes à paisana retiraram meia dúzia de manifestantes da frente da sede do Semanário do Sul, gritando com eles ao empurrá-los para dentro de veículos, sob o olhar de dezenas de policiais fardados.

Ao longo de toda a semana, a calçada em frente à publicação foi cenário de confrontos entre conservadores e liberais. Esquerdistas carregando imagens de Mao Tse-tung e bandeiras vermelhas da China repetidamente intimidaram os outros manifestantes, acusando-os de traição.

"Depois de termos a barriga cheia, queremos dizer mais. Isso é normal", disse Ye Qiliang, um jovem de jaqueta marrom, contrário aos maoístas, durante um protesto noturno. "A imprensa é a voz do povo. Agora somos todos o povo do Semanário do Sul." Embora a publicação do jornal na quinta-feira sugira uma tentativa de trégua entre os jornalistas e os censores, a edição traz sutis sinais de resistência.

Posts na internet atribuídos aos jornalistas manifestaram perplexidade com o fato de os censores terem obrigado o jornal a retirar um editorial da sua atual edição. Uma fonte local próxima aos jornalistas disse que a direção do jornal corroborou isso.

Mas, escondido nas páginas finais, havia um apelo por reforma. "Os métodos de controle da mídia pelo partido devem avançar com os tempos", dizia o artigo, citando um editorial de segunda-feira do Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista. Em sua interpretação desse editorial, o Semanário do Povo disse que as reformas que restam por ser feitas são tão difíceis quanto "roer ossos".

"Elas precisam da proteção e apoio da imprensa moderada, racional e construtiva", disse o texto.

A polêmica sobre a censura chegou também à capital do país. Relatos pela internet dão conta de que Daí Zigeng, editor do popular jornal Notícias de Pequim, demitiu-se na quarta-feira, depois de o jornal resistir à pressão do governo para republicar um editorial que criticava o Semanário do Sul.

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Guangzou - Um semanário chinês no centro dos protestos contra a censura na China chegou nesta quinta-feira às bancas, depois que seus jornalistas suspenderam uma greve, em meio a novos apelos para que o Partido Comunista abrande seu controle sobre a imprensa.

A greve no Semanário do Sul, na próspera província de Guangdong, começou depois que censores alteraram um editorial de duas páginas na edição de Ano Novo. Na ocasião, apelos pela proteção a direitos constitucionais foram substituídos por comentários de louvor ao regime.

A rara revolta na redação de um dos mais respeitados e liberais jornais chineses teve grande repercussão nacional, levando blogueiros com milhões de seguidores --como a atriz Yao Chen e o escritor Han Han-- a fazerem apelos pela liberdade de expressão.

A resposta do Partido Comunista a esse movimento será um importante indicativo sobre eventuais inclinações reformistas do novo dirigente Xi Jinping.

Na quinta-feira, agentes à paisana retiraram meia dúzia de manifestantes da frente da sede do Semanário do Sul, gritando com eles ao empurrá-los para dentro de veículos, sob o olhar de dezenas de policiais fardados.

Ao longo de toda a semana, a calçada em frente à publicação foi cenário de confrontos entre conservadores e liberais. Esquerdistas carregando imagens de Mao Tse-tung e bandeiras vermelhas da China repetidamente intimidaram os outros manifestantes, acusando-os de traição.

"Depois de termos a barriga cheia, queremos dizer mais. Isso é normal", disse Ye Qiliang, um jovem de jaqueta marrom, contrário aos maoístas, durante um protesto noturno. "A imprensa é a voz do povo. Agora somos todos o povo do Semanário do Sul." Embora a publicação do jornal na quinta-feira sugira uma tentativa de trégua entre os jornalistas e os censores, a edição traz sutis sinais de resistência.

Posts na internet atribuídos aos jornalistas manifestaram perplexidade com o fato de os censores terem obrigado o jornal a retirar um editorial da sua atual edição. Uma fonte local próxima aos jornalistas disse que a direção do jornal corroborou isso.

Mas, escondido nas páginas finais, havia um apelo por reforma. "Os métodos de controle da mídia pelo partido devem avançar com os tempos", dizia o artigo, citando um editorial de segunda-feira do Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista. Em sua interpretação desse editorial, o Semanário do Povo disse que as reformas que restam por ser feitas são tão difíceis quanto "roer ossos".

"Elas precisam da proteção e apoio da imprensa moderada, racional e construtiva", disse o texto.

A polêmica sobre a censura chegou também à capital do país. Relatos pela internet dão conta de que Daí Zigeng, editor do popular jornal Notícias de Pequim, demitiu-se na quarta-feira, depois de o jornal resistir à pressão do governo para republicar um editorial que criticava o Semanário do Sul.

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