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Jornal pede fim de julgamentos da ditadura na Argentina

Mais de 500 sentenças, muitas delas à prisão perpétua, foram produzidas em dezenas de julgamentos devido aos crimes contra a humanidade

Buenos Aires, Argentina: mais de 500 sentenças, muitas delas à prisão perpétua, foram produzidas em dezenas de julgamentos devido aos crimes contra a humanidade ocorridos durante a ditadura (Dolphinphoto/ThinkStock)
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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2015 às 15h40.

Um editorial do jornal La Nación que pedia o fim dos julgamentos por crimes da ditadura (1976/83) causou exaltação na Argentina e foi repudiado por organismos humanitários, como o das Avós da Praça de Maio.

O artigo publicado na segunda-feira sob o título "No más venganza" (sem mais vingança), foi interpretado como uma pressão ao recém-eleito presidente da Argentina, o liberal de direita Mauricio Macri , que derrotou o governista Daniel Scioli no segundo turno das eleições de domingo.

O editorial pedia ao novo governo que resolvesse "o vergonhoso padecimento dos condenados, processados e inclusive suspeitos da comissão de crimes contra a humanidade durante os anos da repressão subversiva e que se encontram presos, apesar de sua idade avançada".

Em resposta, a líder das Avós da Praça de Maio, Estela Carlotto, advertiu que "quem comete um delito tem que pagar por ele com o que corresponda a lei. Se são prisões perpétuas, não importa a idade".

"São pessoas muito perigosas, o que o La Nación não menciona. São pessoas mais velhas que não se arrependem, não confessam; além disso, prometem voltar a fazê-lo caso seja necessário", afirmou, em declarações ao canal Telesur.

Os funcionários do jornal rejeitaram o artigo e emitiram um comunicado para "repudiar o editorial contra os julgamentos por crimes contra a humanidade", que, disseram, "em nada nos representa".

"Sim à democracia, à continuidade desses julgamentos. Dizemos não ao esquecimento", expressaram em texto difundido inicialmente nas redes sociais e publicado, nesta terça-feira, nas páginas internas do mesmo jornal.

Uma foto de toda a equipe de jornalistas do La Nación acompanhou o comunicado.

Mais de 500 sentenças, muitas delas à prisão perpétua, foram produzidas em dezenas de julgamentos devido aos crimes contra a humanidade ocorridos durante a ditadura.

Esses julgamentos foram retomados em 2003, após a anulação de duas leis de anistia da década de 1980, por impulso do ex-presidente Néstor Kirchner (2003/2007).

A ditadura argentina deixou 30 mil desaparecidos e cerca de 500 crianças foram roubadas durante o cativeiro de seus pais e apropriadas, isto é, entregues ilegalmente a pessoas vinculadas ao regime.

O trabalho das Avós, organização criada em 1977, em plena ditadura, possibilitou a recuperação da identidade de 118 dessas crianças roubadas, hoje já adultas. A última foi encontrada há apenas 20 dias.

Na segunda-feira, em sua primeira coletiva de imprensa, Macri assegurou que dará continuidade aos processos judiciais contra os civis e militares acusados de crimes durante a ditadura.

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Um editorial do jornal La Nación que pedia o fim dos julgamentos por crimes da ditadura (1976/83) causou exaltação na Argentina e foi repudiado por organismos humanitários, como o das Avós da Praça de Maio.

O artigo publicado na segunda-feira sob o título "No más venganza" (sem mais vingança), foi interpretado como uma pressão ao recém-eleito presidente da Argentina, o liberal de direita Mauricio Macri , que derrotou o governista Daniel Scioli no segundo turno das eleições de domingo.

O editorial pedia ao novo governo que resolvesse "o vergonhoso padecimento dos condenados, processados e inclusive suspeitos da comissão de crimes contra a humanidade durante os anos da repressão subversiva e que se encontram presos, apesar de sua idade avançada".

Em resposta, a líder das Avós da Praça de Maio, Estela Carlotto, advertiu que "quem comete um delito tem que pagar por ele com o que corresponda a lei. Se são prisões perpétuas, não importa a idade".

"São pessoas muito perigosas, o que o La Nación não menciona. São pessoas mais velhas que não se arrependem, não confessam; além disso, prometem voltar a fazê-lo caso seja necessário", afirmou, em declarações ao canal Telesur.

Os funcionários do jornal rejeitaram o artigo e emitiram um comunicado para "repudiar o editorial contra os julgamentos por crimes contra a humanidade", que, disseram, "em nada nos representa".

"Sim à democracia, à continuidade desses julgamentos. Dizemos não ao esquecimento", expressaram em texto difundido inicialmente nas redes sociais e publicado, nesta terça-feira, nas páginas internas do mesmo jornal.

Uma foto de toda a equipe de jornalistas do La Nación acompanhou o comunicado.

Mais de 500 sentenças, muitas delas à prisão perpétua, foram produzidas em dezenas de julgamentos devido aos crimes contra a humanidade ocorridos durante a ditadura.

Esses julgamentos foram retomados em 2003, após a anulação de duas leis de anistia da década de 1980, por impulso do ex-presidente Néstor Kirchner (2003/2007).

A ditadura argentina deixou 30 mil desaparecidos e cerca de 500 crianças foram roubadas durante o cativeiro de seus pais e apropriadas, isto é, entregues ilegalmente a pessoas vinculadas ao regime.

O trabalho das Avós, organização criada em 1977, em plena ditadura, possibilitou a recuperação da identidade de 118 dessas crianças roubadas, hoje já adultas. A última foi encontrada há apenas 20 dias.

Na segunda-feira, em sua primeira coletiva de imprensa, Macri assegurou que dará continuidade aos processos judiciais contra os civis e militares acusados de crimes durante a ditadura.

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