Itália: região líbia da Cirenaica não está sob controle de Kadafi
Segundo o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, islamismo radical tomou conta do nordeste líbio
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 09h18.
Roma - O ministro de Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, garantiu nesta quarta-feira que a região da Cirenaica, no nordeste da Líbia, não está sob o controle do Governo de Muammar Kadafi.
"Sabemos com toda segurança que a Cirenaica não está sob o controle do Governo líbio e que há confrontos no restante do país", revelou nesta quarta Frattini aos jornalistas à margem de um congresso da Comunidade de Sant'Egídio em Roma, instantes antes de comparecer à Câmara dos Deputados.
Diante da Câmara Baixa, em um comparecimento extraordinário para abordar a crise líbia, o ministro de Relações Exteriores italiano expressou sua preocupação pelo "islamismo radical" que, segundo ele, tomou o controle dessa região nordeste do país norte-africano.
"Na Cirenaica há três dias anunciaram o nascimento de um emirado islâmico da Líbia oriental. Anunciaram a intenção de sequestrar ocidentais. Este islamismo radical causa preocupação porque fica a poucas centenas de quilômetros da União Europeia (UE)", afirmou Frattini.
"Mas nada pode justificar a morte violenta de centenas de civis inocentes. Contra isto reagiu unanimemente após uma séria reflexão em profundidade a União Europeia e a comunidade internacional", acrescentou.
O ministro de Relações Exteriores italiano anunciou que a Itália aceitou o pedido do Reino Unido e da Sérvia de "permitir a aterrissagem de voos humanitários para retirada urgente e imediata de cidadãos desses países".
Mostrou preocupação porque o fluxo de imigração ilegal a partir da Líbia em direção rumo às costas judiciais europeias, principalmente as italianas, possa incrementar-se nos próximos meses como consequência de uma possível guerra civil no país norte-africano que possa "levar ao colapso o sistema líbio".
"Na Líbia vivem mais de 2 milhões de cidadãos não líbios, 30% da população residente. Vêm de países da África Subsaaariana, do magrebe e do máshreq. É evidente que a perda de trabalho, a situação de emergência, o risco da segurança pessoal, poderiam induzir a buscar a salvação em outro lugar", comentou Frattini.
"Europa deveria levar em consideração a proposta dos países mediterrâneos da UE de uma solidariedade europeia" que reparta os custos que pode trazer esse possível aumento do fluxo da imigração.
A ausência de uma resposta comum da Europa diante da crise do norte da África seria, segundo Frattini, "a destruição da solidariedade europeia, o fim das políticas europeias como as conhecemos nos últimos 50 anos".
O ministro de Relações Exteriores, quem acredita "verossímil" que possa chegar ao "mil" o número de mortos durante as revoltas dos últimos dias na Líbia, garantiu que a atual situação de violência no país norte-africano representa um "limite" para a linha das relações diplomáticas que a Itália manteve nos últimos anos com o regime de Kadafi.