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Israelenses e palestinos esperam acordo de paz em nove meses

Após anos de estagnação do processo de paz, os países devem "se reunir em Israel ou nos Territórios Palestinos para iniciar o processo formal de negociações"


	Secretário de Estado dos EUA John Kerry (E) em jantar com o ministro da Justiça de Israel, Tzipi Livni (3º D), e principal negociador palestino, Saeb Erekat (2º D), no Departamento de Estado em Washington.
 (REUTERS / Yuri Gripas)

Secretário de Estado dos EUA John Kerry (E) em jantar com o ministro da Justiça de Israel, Tzipi Livni (3º D), e principal negociador palestino, Saeb Erekat (2º D), no Departamento de Estado em Washington. (REUTERS / Yuri Gripas)

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Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2013 às 17h26.

Washington - Os negociadores israelenses e palestinos que retomaram o diálogo em Washington concordaram em voltar a se reunir em duas semanas, com o objetivo de alcançar um acordo de paz final em nove meses.

Após três anos de estagnação do processo de paz para tentar acabar com décadas de um conflito histórico, as duas partes devem "se reunir em Israel ou nos Territórios Palestinos para iniciar o processo formal de negociações", declarou à imprensa o secretário Estado americano John Kerry.

"Nosso objetivo será" alcançar um "acordo no decorrer dos próximos nove meses", ressaltou.

Kerry fez essas afirmações ao lado da ministra israelense da Justiça, Tzipi Livni, e do negociador palestino Saeb Erakat, que dialogam diretamente desde segunda-feira à noite em um clima que ambas as partes descreveram como "positivo e construtivo".

Durante a coletiva de imprensa, o secretário americano anunciou que os negociadores israelenses e palestinos "chegaram a um acordo hoje para que todas as questões do status final, todas as questões fundamentais e todas as outras estejam sobre a mesa de negociações".

"Acredito que os líderes, os negociadores e os cidadãos envolvidos podem alcançar a paz por uma razão muito simples: eles são obrigados. Uma solução viável para dois Estados (israelense e palestino) é o único caminho para resolver o conflito. Não há muito tempo para chegar a isso e não há alternativa", insistiu o secretário americano que visitou o Oriente Médio em seis ocasiões para viabilizar a retomada das negociações.


Erakat elogiou os esforços, afirmando que "ninguém mais do que os próprios palestinos seriam beneficiados pelo êxito" das negociações de paz com Israel.

Ele disse estar "satisfeito com o fato de todas as questões serem colocadas sobre a mesa", reiterando "que chegou a hora de os palestinos terem seu próprio Estado soberano".

"Sem medo de sonhar"

Livni também se mostrou otimista. "Acredito que a História não se faz pelos cínicos. Ela se faz graças aos realistas que não têm medo de sonhar", declarou a ministra.

Mais cedo, Livni foi mais prudente sobre o prosseguimento deste frágil processo de paz.

Entrevistada pela rádio pública israelense, ela não escondeu as profundas divergências em seu governo. "Temos ministros que não querem chegar a um acordo nem ouvir falar da ideia de dois Estados, temos outros ministros que são indiferentes, mas que esperam que nenhum resultado seja alcançado, e outros membros do governo que desejam alcançar o fim do conflito", explicou a ministra.

Ela fazia referência aos ministros da ala radical do Likud, partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e do nacionalista Lar Judeu, que são hostis à criação de um Estado palestino. Livni também fez referência ao partido de centro-direita Yesh Atid de Yair Lapid, o ministro das Finanças, que até o momento não considera que o processo de paz seja uma prioridade.


Já o Quarteto para o Oriente Médio, formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas, fez um apelo a Israel e aos palestinos para que não "minem a confiança" neste momento em que são retomadas as negociações de paz.

O grupo prometeu seu apoio às duas partes no "compromisso de conseguir uma solução negociada de dois estados no prazo acertado de nove meses".

Ainda esta manhã, o presidente Barack Obama recebeu os representantes dos dois lados na Casa Branca.

Na segunda-feira, ele havia saudado um momento "promissor" para o Oriente Médio, embora tenha advertido que os protagonistas devem fazer "escolhas difíceis" e "trabalhar duro".

Obama, que fez da solução do conflito uma das prioridades da política externa americana no início de seu primeiro mandato. Mesmo depois de ter fracassado em sua primeira tentativa, o presidente americano manifestou seu otimismo e disse estar "feliz" de que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmud Abbas, tenham aceitado negociar e enviado representantes a Washington.

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