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Irã finaliza 2012 com esperança de resolver questão nuclear

O ano se anunciou quente desde seu início pelas renovadas ameaças de Israel e EUA de atacar o Irã para conter seu programa nuclear


	Mahmoud Ahmadinejad: as vendas de petróleo iraniano desabaram e o comércio do país ficou estrangulado pela impossibilidade de realizar transferências internacionais
 (Atta Kenare/AFP)

Mahmoud Ahmadinejad: as vendas de petróleo iraniano desabaram e o comércio do país ficou estrangulado pela impossibilidade de realizar transferências internacionais (Atta Kenare/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2012 às 17h18.

Teerã - O Irã termina 2012 com a esperança de avanços na negociação sobre seu programa nuclear com as grandes potências, após um ano de tensão interna e com Ocidente no qual a economia do país desabou devido a novas sanções petrolíferas e financeiras.

O ano se anunciou quente desde seu início pelas renovadas ameaças de Israel e EUA de atacar o Irã para conter seu programa nuclear, às quais Teerã respondeu dizendo que, além de dar uma resposta arrasadora, poderia fechar o Estreito de Ormuz e cortar a torneira de um quinto do petróleo mundial, que sai do Golfo Pérsico.

Em aspectos políticos, as eleições legislativas do Irã de março, as presidenciais dos EUA de novembro e as ainda não realizadas em Israel geraram também tensão.

As novas sanções ao Irã aprovadas pelos EUA no final de 2011 e o embargo petrolífero e financeiro decidido pela União Europeia em 23 de janeiro, embora com aplicação a partir de 1º de julho, também não faziam vislumbrar uma aproximação fácil.

As legislativas iranianas foram realizadas sob o sinal da resistência contra o Ocidente e marcadas pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, que pediu uma ampla participação para mostrar o apoio ao regime islâmico e responder assim ao "inimigo".

O presidente, Mahmoud Ahmadinejad, ficou praticamente sem apoio legislativo neste pleito, já que a Câmara apostou em seus rivais ultraconservadores principalistas, agrupados em torno de Khamenei, o que deixou seu governo praticamente inoperante.

Um respiro foi o reatamento, em abril em Istambul, das conversas sobre a questão nuclear do Irã com as potências do Grupo 5+1 (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia mais a Alemanha), sem resultados palpáveis, mas com um otimismo moderado de ambas as partes.


Também neste ano, representantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) viajaram em três ocasiões ao Irã, uma delas liderados pelo secretário geral do órgão, Yukiya Amano, mas sem conseguir um acordo sobre inspeções a centros não especificamente atômicos, como a base de Parchin.

Amano reiterou a suspeita da existência de uma vertente militar no programa atômico iraniano e acusou o Irã de não colaborar o suficiente com a AIEA, enquanto Teerã insistiu que cumpre escrupulosamente o Tratado de Não-Proliferação (TNP) nuclear e não pretende fabricar bombas atômicas.

Em meio a este cenário, o Irã organizou no final de agosto a maior reunião internacional da história do país, a cúpula dos 120 países em desenvolvimento do Movimento de Não-Alinhados (MPNA), que Teerã quis focar no respaldo a seus direitos nucleares e o apoio ao regime da Síria, seu principal aliado no Oriente Médio.

A presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, do novo presidente egípcio, Mohammed Mursi, de um grande número de chefes de estado e altos representantes de quase todos os países do MPNA em Teerã foi traduzido pelo regime como uma "vitória diplomática" sobre os EUA e Israel, que tinham pedido um boicote à reunião.

Após a entrada em vigor dos embargos petrolífero e financeiro da UE ao Irã em 1º de julho, as vendas de petróleo iraniano desabaram e o comércio do país ficou estrangulado pela impossibilidade de realizar transferências internacionais.

A situação chegou em outubro a um estado crítico, quando o rial, moeda nacional que em dezembro de 2011 era cotada a cerca de 11.000 por dólar, chegou a um teto de 40.000 por dólar, enquanto os importadores se viam impossibilitados de comprar mercadorias, entre elas algumas tão imprescindíveis como medicamentos.

No final de 2012, a vitória de Barack Obama nas presidenciais americanas gerou um ambiente relativamente mais calmo e novos pedidos de diálogo, embora as perspectivas sejam duvidosas.

Representantes da AIEA visitarão no dia 13 de dezembro Teerã para debater a possibilidade de um novo acordo de inspeções e, em caso de avanços, a nova reunião que ambas partes propõem entre Irã e o G5+1 poderia ocorrer em breve.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, propôs além disso conversas bilaterais diretas e, embora o setor iraniano mais radical, próximo a Khamenei, seja muito reticente a falar com seu "inimigo", o "grande satã", a situação cada vez mais crítica do país poderia levá-lo a abrir essa via. 

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