Irã ameaça abandonar acordo nuclear se os EUA deixarem o tratado
Donald Trump ameaça se retirar de novo acordo se texto criado em diálogo com nações europeias não resolver "terríveis lacunas" do acordo nuclear de 2015
AFP
Publicado em 3 de maio de 2018 às 15h53.
O Irã advertiu nesta quinta-feira (3) que vai abandonar o acordo com as grandes potências sobre seu programa nuclear se o presidente americano, Donald Trump , decidir cumprir a ameaça e se retirar do tratado em 12 de maio.
"Se os Estados Unidos se retirarem do acordo nuclear, nós tampouco vamos continuar", afirmou Ali Akbar Velayati, conselheiro do Guia Supremo para assuntos internacionais, em declarações publicadas na página da TV pública na internet.
Trump deu aos europeus até 12 de maio para encontrar um novo texto que remedie o que ele considera "terríveis lacunas" do acordo de 2015. Caso contrário, os Estados Unidos se retirariam, afirmou.
O presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou na quarta-feira, na Austrália, seu compromisso a favor do acordo para evitar uma escalada de tensões no Oriente Médio, ao mesmo tempo em que reiterou que, em sua avaliação, o documento deveria ser reforçado.
O acordo foi assinado em junho de 2015, em Viena, entre Teerã e o Grupo 5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha), antes da chegada de Trump à Casa Branca.
O pacto impõe um controle estrito sobre as atividades nucleares de Teerã para garantir sua natureza exclusivamente pacífica.
O Guia Supremo iraniano, Ali Khamenei, é quem tem a última palavra sobre assuntos-chave do país, particularmente a política externa e nuclear.
O ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, também lançou uma advertência aos Estados Unidos, em um vídeo em inglês publicado na quinta-feira no YouTube.
"Se os Estados Unidos continuarem violando o acordo ou o abandonarem, utilizaremos nosso direito de responder à nossa maneira (...) As ameaças não aportarão um novo acordo aos Estados Unidos", explicou.
Zarif destacou que o Irã se recusará a renegociar o acordo ou a acrescentar-lhe algo.
O ministro também criticou os países europeus, aos quais acusou de quererem fazer novas concessões aos americanos para acalmá-los.
"Concessões"
"Durante o último ano, disseram-nos que o presidente Trump não está contente com o acordo. E agora parece que a resposta de alguns europeus é oferecer mais vantagens aos Estados Unidos, do nosso bolso", afirmou.
O ministro iraniano respondeu assim às declarações de Macron e da chanceler alemã, Angela Merkel, que também defende novas negociações para completar o acordo.
Zarif afirmou que em matéria de defesa e no que diz respeito à região, é "o Irã, e não o Ocidente, quem tem queixas".
O conselheiro iraniano Velayati também advertiu os europeus que não pensem em uma renegociação do acordo.
"O Irã aceita o acordo nuclear tal como foi preparado e não aceitará que se acrescente ou retire nada", explicou.