Invistam dinheiro de armas contra a covid-19 e garantam vacina para todos, diz papa
Francisco, que criticou várias vezes o chamado "nacionalismo da vacina", disse que as nações mais pobres não deveriam ser deixadas para trás
Reuters
Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 10h07.
Última atualização em 17 de dezembro de 2020 às 13h17.
O papa Francisco exortou líderes mundiais, nesta quinta-feira, a transferirem recursos investidos em armamentos para enfrentar problemas como a pandemia de covid-19 e fazer com que vacinas cheguem às nações pobres e mais vulneráveis.
Em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz da Igreja Católica, que é comemorado em 1º de janeiro, Francisco também repetiu um apelo pelo estabelecimento de um fundo global com dinheiro destinado a armas a ser usado para ajudar a erradicar a pobreza.
A mensagem anual, intitulada neste ano de "Uma Cultura de Cuidado como Caminho para a Paz", costuma ser enviada a chefes de Estado, de governo, de organizações internacionais e de outras religiões.
"Quantos recursos são gastos em armamentos, especialmente armas nucleares, que poderiam ser usados para prioridades mais significativas, como garantir a segurança de indivíduos, a promoção da paz e do desenvolvimento humano integral, a luta contra a pobreza e a disponibilização de cuidados de saúde", disse o papa.
"Problemas globais, como a pandemia de covid-19 presente e a mudança climática, só tornaram estes desafios ainda mais evidentes".
Sob o comando do papa Francisco, a Igreja Católica endureceu a postura contra as armas nucleares e pediu sua abolição total. Em 2017, ele disse que os países não deveriam armazená-las nem como elemento de dissuasão.
"Que decisão corajosa seria estabelecer um 'Fundo Global' com o dinheiro gasto em armas e outras despesas militares para eliminar permanentemente a fome e contribuir para o desenvolvimento dos países mais pobres", disse.
Francisco, que criticou várias vezes o chamado "nacionalismo da vacina", disse que as nações mais pobres não deveriam ser deixadas para trás na luta contra o coronavírus.
"Renovo meu apelo aos líderes políticos e ao setor privado para que não poupem esforços para garantir o acesso às vacinas contra covid-19 e às tecnologias essenciais necessárias para se cuidar dos doentes, dos pobres e daqueles que são mais vulneráveis", disse.
Ele homenageou os profissionais médicos e outros trabalhadores da linha de frente que arriscam a vida ajudando vítimas do coronavírus, especialmente aqueles que morrem fazendo-o.
"Diante da pandemia, percebemos que estamos no mesmo barco, todos nós frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários, todos nós chamamos a remar juntos".