Cerac sustenta que desde 10 de março foram registrados 13 combates com participação das Farc (Luis Robayo/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2015 às 15h05.
Bogotá - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) realizaram no mês passado cinco ações ofensivas que representaram uma violação do cessar-fogo unilateral e indefinido que iniciaram em 20 de dezembro, assegurou nesta terça-feira um relatório elaborado por uma das principais organizações que analisam a violência no país.
Trata-se de "duas emboscadas e duas fustigações a tropas do exército, assim como o incêndio de um veículo de transporte público" nos quais "morreram dois soldados e foram reportados ferimentos em um civil e 12 soldados", detalhou o Centro de Recursos para a Análise de Conflitos (Cerac) em um estudo ao qual a Agência Efe teve acesso.
Os investigadores deste centro registram todas as ações a partir do dia 10 de março, quando o presidente Juan Manuel Santos anunciou que durante um mês as forças militares não bombardeariam acampamentos da guerrilha.
A medida, que tinha como objetivo reduzir a intensidade do conflito armado que se prolonga no país há mais de 50 anos, foi prorrogada por Santos por outros 30 dias em resposta ao cumprimento por parte das Farc de seu cessar-fogo, segundo explicou na semana passada o presidente.
Porém, os dados da Cerac mostram uma realidade diferente da que motivou essa decisão, que Santos tomou com base em vários relatórios militares.
Os investigadores sustentam que desde 10 de março foram registrados, além das ações antes descritas, "13 combates com participação das Farc, dois deles por iniciativa do grupo guerrilheiro" nos quais morreram "cinco guerrilheiros e seis soldados" e deixaram feridos "um civil, nove soldados e cinco guerrilheiros".
Por isso, destacaram que os níveis de atividade do grupo armado, que "continuam sendo os mais baixos desde que começaram os registros (desde 1984), representam um aumento substancial da atividade violenta atribuível às Farc no marco da cessação unilateral".
Por outro lado, a Cerac explicou que não bombardear acampamentos "não causou uma perda tática de vantagem militar, nem uma redução da capacidade de proteção por parte da polícia" para enfrentar estas ações do grupo armado, motivo pelo qual a suspensão temporária não causou um aumento de ações violentas da guerrilha.
Por essa razão, os investigadores consideram que a medida tomada por Santos "fortalece o processo de negociação" entre o governo e o grupo armado.
Segundo o Cerac, desde o final de dezembro até hoje o principal responsável pelas ações violentas no marco do conflito colombiano foi o Exército de Libertação Nacional (ELN, a segunda maior guerrilha do país), que "aumentou sua atividade" e realizou 78% do total de ações violentas nesse período.