Índia prende 5 em investigação de agressão a africanos
Muitos africanos são alvos de vexações e humilhações na Índia, com insultos ou discriminação e são acusados de participar do tráfico de drogas
AFP
Publicado em 28 de março de 2017 às 12h22.
A polícia indiana prendeu nesta terça-feira cinco homens suspeitos de envolvimento no ataque de ontem a um grupo de africanos por uma multidão enfurecida após a morte de um adolescente da região supostamente por overdose.
Uma dezena de pessoas ficaram feridas em confrontos registrados na segunda-feira à noite em Greater Noida, uma região de Nova Délhi onde vivem centenas de estudantes africanos.
Muitos africanos são alvos de vexações e humilhações na Índia, com insultos ou discriminação para encontrar casas, ou são acusados de participar do tráfico de drogas.
"Cinco agressores foram detidos e outros quatro fugiram", indicou à AFP Sujata Singh, uma responsável da polícia local, acrescentando que os distúrbios envolveram 300 pessoas.
Vídeos transmitidos pela televisão e por redes sociais mostravam uma multidão atacando um carro com paus. Em outro era possível ver um jovem africano sendo espancado por dezenas de pessoas com cadeiras e latas de lixo em um centro comercial.
Os distúrbios explodiram na segunda-feira à noite quando a polícia de Greater Noida, uma cidade da periferia de Nova Délhi, libertou cinco estudantes africanos detidos no âmbito da investigação da morte, registrada no domingo, de um adolescente de 16 anos. Alguns adolescentes os acusaram de assassinato.
"Havia rumores de que os africanos eram os responsáveis pela morte do jovem", declarou Singh, considerando que os ataques "parecem ter motivações raciais".
Segundo as autoridades, os distúrbios explodiram quando um grupo de nigerianos foi avistado pelas pessoas presentes em um velório pelo jovem falecido.
Endurance Amalawa, um dos estudantes agredidos, indicou que estava fora de um centro comercial quando viu uma multidão correndo em sua direção.
"Pedimos ajuda, mas ninguém veio, nem mesmo os guardas de segurança", contou.
"As pessoas nos espancavam e empurravam (...) Jogaram meu irmão no chão e começaram a bater nele", acrescentou.
No ano passado, um estudante congolês foi assassinado a pedradas na capital após uma discussão com um motorista de auto-riquixá.
Cerca de 30.000 africanos vivem em Nova Délhi.