Hospitais de Nova York estão a 10 dias de entrar em crise, diz prefeito
O prefeito alertou que o pior ainda está por vir, com abril sendo pior que março, e maio talvez ainda mais tenebroso
Reuters
Publicado em 22 de março de 2020 às 18h04.
Última atualização em 22 de março de 2020 às 18h24.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, cuja cidade tem mais de um terço dos casos de coronavírus dos Estados Unidos, descreveu neste domingo o surto como a maior crise nacional desde a Grande Depressão, e pediu que as Forças Armadas dos EUA se mobilizem para ajudar a impedir que o sistema de saúde fique sobrecarregado.
"Se não conseguirmos mais respiradores nos próximos 10 dias, pessoas que não devem morrer acabarão morrendo", disse De Blasio, à medida que a cidade mais populosa do país viu os casos chegarem a 8.000 e as mortes a 60. Os casos em todo o país totalizam mais de 25.000, com pelo menos 340 mortos, de acordo com uma contagem da Reuters.
"Esta será a maior crise nacional desde a Grande Depressão", disse ele à CNN, referindo-se à crise econômica da década de 1930. "É por isso que precisamos de uma mobilização em larga escala das Forças Armadas americanas".
O prefeito alertou que o pior ainda está por vir, com abril sendo pior que março, e maio talvez ainda mais tenebroso.
De Blasio disse que a cidade não está recebendo suprimentos médicos necessários do governo federal para lidar com a rápida disseminação da doença respiratória Covid-19.
"Se o presidente não agir, morrerão pessoas que poderiam estar vivendo", disse Blasio à NBC.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse no Twitter neste domingo que as montadoras norte-americanas Ford, General Motors e Tesla receberam luz verde para produzir respiradores e outros itens necessários durante o surto de coronavírus.
O isolamento que afeta grandes segmentos da população norte-americana para tentar conter a propagação do coronavírus deve durar de 10 a 12 semanas, ou até o início de junho, disse o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin.
Os norte-americanos estão se adaptando à maior mudança na vida cotidiana desde a Segunda Guerra Mundial, com escolas fechadas, esportes cancelados e instabilidade econômica, à medida que as perdas de empregos aumentam com o fechamento de empresas em muitos setores.
Os hospitais estão lutando para obter equipamentos de proteção para os profissionais de saúde e respiradores, enquanto se preparam para uma onda de pacientes que precisam de ajuda para respirar, pois casos graves costumam levar a pneumonia e diminuição da função pulmonar.
O coronavírus matou mais de 13.000 pessoas em todo o mundo e infectou mais de 300.000 em cerca de 170 países.
Os parlamentares dos EUA estão chegando a um acordo que poderia injetar uma cifra recorde de 1 trilhão de dólares na economia para limitar os danos econômicos causados pelo coronavírus.
Quase um em cada quatro norte-americanos, ou 80 milhões de pessoas, recebeu ordem para fechar empreendimentos e ficar em casa, uma vez que Nova York, Califórnia, Illinois, Connecticut e Nova Jersey instituíram isolamentos estaduais.
(Reportagem adicional de Andrea Shalal e Susan Heavey, em Washington)