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Homens e mulheres se misturam no maior festival da Arábia Saudita

Essa foi uma das raras ocasiões na qual as autoridades do país permitiram a mistura de pessoas de ambos sexos em uma atividade de lazer

Arábia Saudita: Mulheres estavam vestidas com a túnica preta e o "niqab", o véu que cobre o rosto (Faisal Al Nasser/Reuters)
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EFE

Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 16h53.

Riad - Homens e mulheres assistiram lado a lado o festival cultural de Yanadriya, o mais importante da Arábia Saudita , em uma das raras ocasiões na qual as autoridades do país permitiram a mistura de pessoas de ambos sexos em uma atividade de lazer.

O festival, que é celebrado anualmente há 32 anos, acontece nos arredores de Riad e abriu suas portas em 7 de fevereiro durante quatro dias só para homens para, depois, permitir o acesso às famílias.

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O desafio, que se estende durante três semanas, reúne concertos, exposições, outras atividades culturais e um salão de automóveis, além de pavilhões dos ministérios e das Forças Armadas, no qual as crianças aproveitam para subir nos carros blindados.

Neste fim-de-semana, milhares de pessoas assistiram ao festival, homens e mulheres lado a lado, ainda que elas, na maioria, vestidas com a túnica preta e o "niqab", o véu que cobre o rosto e que só mostra os olhos, a vestimenta tradicional no país ultraconservador.

Amyad, uma jovem de 18 anos vestindo seu "niqab", lança um olhar de desejo a um carro Ford azul metálico no salão de automóveis.

"Se Deus quiser, vou conduzi-lo", comenta Amyad, que já planeja ter aulas para obter a permissão de condução, aproveitando que o Governo saudita, pela primeira vez, vai autorizar às mulheres a dirigir a partir de junho.

A jovem assegurou que está "contente" por poder conduzir e deixar de depender dos homens para seus deslocamentos.

"Sim, claro, estou contente que vou conduzir... já não necessito de ninguém", afirma com um sorriso no olhar.

A permissão para conduzir das mulheres faz parte de uma política de maior abertura que, desde 2017, foi impulsionada pelo príncipe herdeiro, Mohammad bin Salman, e que também implicou a abertura de salas de cinema - a partir de março -, a realização de concertos não religiosos e a concessão de direitos às mulheres.

No marco dessa política, nos últimos meses as mulheres puderam chegar a postos de trabalho até agora vetados, como as Promotorias ou o Controle de Passaportes.

Também, pela primeira vez, puderam comparecer a locais de lazer ao lado dos homens, entre eles estádios de futebol, enquanto foi afrouxado o rigor com o qual a polícia religiosa tratava as mulheres que não colocavam bem o véu, o que era motivo de detenção até há pouco tempo.

No festival, um jovem chamado Radaan passeia exibindo uma fotografia do príncipe herdeiro no bolso usando sua túnica branca.

Radaan explica que, deste modo, presta homenagem ao príncipe, que "é o orgulho de todos os muçulmanos e da nação árabe", o "líder que a religião quer" e que "levou à abertura e ao desenvolvimento de todo o mundo".

A imagem do príncipe Mohamed e de seu pai, o rei Salman, se multiplica pelo festival.

As fotos de ambos aparecem em um telão, ao lado de um palco, e onde é possível ler em inglês e em árabe uma mensagem dirigida aos sauditas. "Tua vida é bonita".

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