Harvey deixa Houston debaixo d'água e pior ainda está por vir
Serviço Nacional do Clima emitiu um alerta neste domingo sobre a força das águas após a passagem da tempestade
AFP
Publicado em 27 de agosto de 2017 às 15h08.
Depois de ter devastado o litoral texano e cobrado a vida de duas pessoas, a tempestade Harvey inundou o interior do estado, incluindo sua principal cidade, Houston.
O Serviço Nacional do Clima emitiu um alerta neste domingo sobre a força das águas após a passagem da tempestade Harvey, afirmando que "as condições climáticas estão além de tudo já experimentado".
"Esse evento é sem precedentes e todos os impactos são desconhecidos e além de tudo já experimentado. Sigam as ordens oficiais para garantir sua segurança", postaram no Twitter.
Os serviços de emergência da capital petroleira dos Estados Unidos enviaram mais cedo uma mensagem também bem clara: "Se estão fugindo de uma inundação, não fiquem no sótão como último recurso. Se os andares mais altos de seu prédio se tornarem perigosos... suba para o telhado e chame o 911 para obter ajuda".
"A situação é grave e vai piorar", afirmou, por sua vez, o governador do Texas, Greg Abbott, falando à Fox News. Ele disse ainda que os danos causados chegam a milhões de dólares.
Em sua passagem pelo Texas, Harvey, que perdeu muita força, deixou até agora dois mortos.
Uma pessoa morreu ao ficar presa no incêndio de sua casa durante a tempestade na região de Rockport, segundo uma fonte do condado de Aransas, no litoral texano, onde também houve registro de 12 feridos leves.
Em, em Houston, uma mulher se afogou ao deixar seu carro em uma área inundada, de acordo com a imprensa local.
As autoridades dessa cidade pediram que seus 2,3 milhões de habitantes permaneçam em suas casas.
Harvey deixou estradas submersas, casas sem telhados e postes arrancados. Em Port Aransas, abandonado por seus habitantes, vários barcos foram parar no meio das ruas.
O principal aeroporto de Houston, o George Bush International, cancelou todos seus voos, assim como o Hobby International, por causa da quantidade de água nas pistas.
"Estão ocorrendo inundações súbitas, catastróficas, com ameaça para a vida", advertiu o Serviço Meteorológico Nacional (NWS) no Twitter. "É uma situação extremamente perigosa!", enfatizou.
A região de Houston/Galveston recebeu mais de 60 cm de chuva nas últimas 24 horas, segundo o NWS, acrescentando que as "inundação catastróficas vão piorar e poderão ser históricas".
Segundo o mais recente boletim do Centro Nacional de Furacões (NHC), entre 38 e 63 cm de chuva cairão na região até quinta-feira.
O mais potente furacão a atingir os Estados Unidos desde 2005 e o Texas desde 1961 perdeu força nos sábado e se transformou em tempestade tropical, mas como avança muito lentamente (a 2 km/h) deixará cair muita água sobre a região por vários dias.
Harvey tocou em terra na sexta como um furacão categoria 4 - em uma escala até 5 -, mas seus ventos se reduziram a 75 km/h.
Vidas em perigo
A Guarda Costeira, que socorreu cerca de 30 pessoas, disse ter recebido mais de 300 ligações da área de Houston.
Com suas ruas transformadas em rios, as autoridades desta cidade de 2,3 milhões de habitantes pediram que a população permaneça em suas casas.
"Não posso ser mais claro sobre a amplitude das inundações nas ruas: se saírem, vocês se colocam em perigo e a nossas equipes de resgate", advertiu em um tuíte o chefe da polícia de Houston, Art Acevedo.
Milhares de pessoas obedeceram aos avisos de evacuação. Segundo a Cruz Vermelha americana, mais de 1.800 personas se encontram em 35 abrigos no Texas e Louisiana.
Em Port Aransas, uma das primeiras cidades atingidas, os barcos foram jogados contra edifícios.
Em Victoria, uma localidade ao norte de Rockport, os habitantes ficaram impactados pela intensidade da tempestade.
"Se soubesse que ia ser assim, certamente teria ido embora", afirmou à AFP Robby Villa.
Visita de Trump
O presidente Donald Trump, que já declarou estado de catástrofe natural para libertar fundos federais para atuar ante os danos causados por Harvey, confirmou que vai em breve ao Texas.
"Irei ao Texas tão logo a viagem possa ser feita sem causar nenhum transtorno trastorno. O foco deve ser na vida e na segurança", tuitou neste domingo o presidente.
Trump, que não quer repetir a reação tardia de George W. Bush com o furacão Katrina, que deixou 1.800 mortos em Nova Orleans em 2005, também elogiou os esforços feitos pelas equipes de emergência.
Harvey se transformou em seu primeiro grande desafio doméstico desde que chegou à Casa Branca em janeiro.
Além disso, no litoral texano se concentra quase um terço das refinarias de petróleo dos Estados Unidos e o Golfo do México representa 20% da produção do país.
Segundo relatório de sábado, 112 plataformas foram evacuadas, o que representa 24,5% da produção diário de petróleo e 26% da de gás.