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Guaidó diz não ter medo de ameaças e que voltará à Venezuela até segunda

Maduro ameaçou líder opositor de prisão caso ele retorne à Venezuela

Guaidó: Líder opositor vai encontrar presidente do Paraguai antes de voltar à Venezuela (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Guaidó: Líder opositor vai encontrar presidente do Paraguai antes de voltar à Venezuela (Antonio Cruz/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 16h55.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2019 às 16h56.

Brasília - O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, disse nesta quinta-feira, em Brasília, que apesar das ameaças planeja voltar para a Venezuela até a próxima segunda-feira e que não tem medo de manter a resistência em seu país. Nesta sexta, ele irá ao Paraguai e terá um encontro com o presidente Mario Abdo Benítez.

Em uma entrevista no Palácio do Planalto, Guaidó afirmou ainda saber que qualquer processo de transição precisa dar garantias a setores do governo de Nicolás Maduro para garantir a estabilidade.

"Não podemos viver com ressentimentos", afirmou, acrescentando, no entanto, que a perseguição promovida pelo atual regime a opositores "deixa cicatrizes".

Maduro ameaçou Guaidó de prisão caso o líder da oposição retorne à Venezuela. Ainda assim, Guaidó afirmou em Brasília que irá na sexta-feira a Assunção e retornará a Caracas até segunda-feira.

"Recebi ameaças pessoais e familiares e também de prisão. Mas isso não vai evitar minha volta à Venezuela", garantiu.

Guaidó foi recebido no Planalto pelo presidente Jair Bolsonaro com o mesmo tratamento reservado a presidentes eleitos, com direito a tapete vermelho e guarda presidencial, mas sem entrada pela rampa principal do palácio.

O encontro durou cerca de 40 minutos e Bolsonaro ainda acompanhou Guaidó em uma declaração à imprensa que não estava prevista inicialmente, em um gesto de apoio maior do que o previsto. Na quarta-feira, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirmou que haveria apenas um "visita pessoal", e a recepção oficial a Guaidó seria no Itamaraty.

Guaidó defendeu o endurecimento das sanções econômicas como forma de reduzir a entrada de dinheiro no país que, segundo ele, está tomado pela corrupção. "As sanções não são só uma questão diplomática, são uma necessidade", disse. De acordo com ele, seu grupo político já está criando um fundo para recuperar ativos que foram alvo de corrupção.

Ele criticou o ditador venezuelano Nicolas Maduro pela perseguição que tem sido feita nos últimos anos a seus opositores e o culpou pela situação de miserabilidade de grande parte da população. Para ele, o país tem capacidade de se recuperar rapidamente após a queda do regime.

"O regime de Maduro diz à imprensa internacional de que a situação é uma questão de guerra ou paz. Não é, é uma questão de democracia ou ditadura", disse. Ele também afirmou que as últimas eleições realizadas na Venezuela, em que Maduro saiu vencedor, não foram livres e democráticas.

Guaidó chegou a citar uma situação hipotética em caso de Maduro não ter mais as armas de fogo, em uma alusão ao apoio que recebe do alto comando das Forças Armadas. "Imagine o regime de Maduro por um segundo sem armas, teríamos condições de fazer eleições livres. Maduro não tem apoio popular e nem reconhecimento internacional", disse.

De acordo com Guaidó, a oposição tem buscado formar uma coalizão diplomática mundial para viabilizar a pressão interna a ponto de que eleições que possam ser consideradas livres sejam marcadas. Se isso acontecer, o venezuelano afirmou que não se poderá governar com ressentimentos, em uma alusão aos apoiadores do atual regime. A fala é uma tentativa de mostrar que seu grupo político não irá retaliar quem está hoje no poder, caso haja uma mudança no comando do país.

O líder de oposição lamentou que a situação interna venezuelana tenha chegado ao ponto de levar à miséria grande parte da população. "Somos um país tão rico, como pode ter chegado à miséria", disse.

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