Greve na Argentina: governo monta postos de controle, mas não evita protestos na capital
Paralisação ocorre em momento em que o Executivo está mergulhado em negociações complicadas com possíveis aliados no Legislativo para tentar aprovar a Lei Ônibus até 15 de fevereiro
Agência de notícias
Publicado em 24 de janeiro de 2024 às 14h52.
Última atualização em 24 de janeiro de 2024 às 14h58.
O presidente da Argentina, Javier Milei , enfrenta sua primeira greve geral nesta quarta-feira. A paralisação, convocada pela principal união sindical do país, a Central Geral de Trabalhadores (CGT), começará ao meio-dia, com duração prevista de 12 horas, até a meia noite de quinta-feira.
A medida é acompanhada por diferentes sindicatos e centrais sindicais, como os de transporte, bancários, trabalhadores da saúde e administração pública, de modo que muitas atividades serão adiadas ou completamente interrompidas.
A partir do meio-dia e por volta das 15 horas, está prevista uma mobilização com um comício no centro da cidade de Buenos Aires, com vários oradores, segundo o jornal "La Nación". O governo está implantando o "protocolo antipiquete" nos pontos de acesso à cidade.
A paralisação organizada pela CGT — sindicato historicamente vinculado ao peronismo — ocorre em momento em que o Executivo está mergulhado em negociações complicadas com possíveis aliados no Legislativo para tentar aprovar a Lei Ônibus até 15 de fevereiro, quando terminam as sessões extraordinárias convocadas pela Casa Rosada — já prorrogadas uma vez.
O megaprojeto de lei prevê reformas profundas em matéria econômica, de funcionamento do Estado, Código Civil, privatização de empresas, impostos, política de segurança, cálculo de aposentadorias, Judiciário, organismos estatais, entre muitos outras.
O partido de Milei , A Liberdade Avança, tem uma bancada de apenas 40 deputados de um total de 252. No Senado, os libertários de ultradireita têm oito representantes, de um total de 72 senadores.
O chefe de Estado tem, portanto, a necessidade de negociar com a agora chamada oposição “dialoguista”, integrada por alguns peronistas, a aliança de centro-direita Juntos pela Mudança (que continua lidando com fortes tensões internas), a Coalizão Cívica e a União Cívica Radical (UCR). Dentro dessa oposição, a Juntos pela Mudança é a mais pró-Milei e faz poucas ressalvas ao projeto de Lei Ônibus. Já a UCR e outros partidos estão mostrando uma maior resistência, o que obrigou o presidente a rever o texto e enviar uma nova versão ao Parlamento na segunda-feira.