Governo Macri reitera que não há perseguição contra Cristina Kirchner
A ex-presidente argentina é investigada por supostos subornos pagos por empresários de obras públicas a membros dos Governos dos Kirchner (2003-2015)
EFE
Publicado em 23 de agosto de 2018 às 16h59.
Buenos Aires - O Governo da Argentina reiterou nesta quinta-feira que a Justiça do país trabalha de forma independente e destacou que "não há nenhum elemento" que sustente que haja, como denunciou a ex-presidente Cristina Kirchner, uma perseguição política contra ela pelas várias acusações que a afetam por corrupção.
"O mais importante é que o presidente (Mauricio Macri) tomou a decisão desde o primeiro dia de haver uma total independência do Poder Judiciário, da imprensa, de todos aqueles atores que podem fornecer informações", disse à impresa o chefe de Gabinete de Ministros, Marcos Peña.
Na noite de quarta-feira, Cristina, senadora e foco de uma investigação por supostos subornos pagos por empresários de obras públicas a membros dos Governos dos Kirchner (2003-2015), tachou de "descarada, humilhante e grosseira" a manipulação da qual diz ser vítima.
Na sessão parlamentar na qual era debatida a autorização de juiz a realizar revistas em suas casas, a ex-governante (2007-2015) negou ter cometido algum crime e afirmou que o Governo de Macri está por trás de sua situação judicial, que vê como parte de um "plano regional" que pretende "persegui-la e acabar com os dirigentes populares".
A respeito, Peña disse hoje que "não há nenhum elemento que sustente uma acusação" sobre esse funcionamento, hoje, "ao contrário do que acontecia antes " - em referência ao kirchnerismo -, esteja motivado por situações políticas.
"Tudo isso foi motivado pelo normal desenvolvimento para haver justiça, já que existem denúncias muito concretas de muita gente que está dizendo que aconteceram coisas ligadas à corrupção", disse Peña.
Para o chefe do gabinete, a Justiça e o Congresso trabalham de forma independente, e entre ambos poderes foi gerada a "conversa necessária" para poder resolver o pedido realizado pelo juiz do caso dos subornos, Claudio Bonadio, que obteve a autorização do Senado para revistar as casas de Cristina em busca de provas.
"Destaco os avanços realizados em matéria de qualidade institucional, que gostaríamos de ter tido nos anos em que foi presidente pela ingerência clara que havia sobre o Poder Judicial e uma restrição sobre essas liberdade", argumentou Peña, para quem ao se tratar de uma ex-presidente, "é mais que necessário" ter provas de que essas "garantias" estão "plenamente vigentes".
Peña fez estas declarações ao mesmo tempo que um amplo dispositivo policial chegava ao apartamento em Buenos Aires de Cristina para começar a executar as revistas.