Maria Corina Machado participa de audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2014 às 21h49.
Caracas - Autoridades da Venezuela acusaram a líder da oposição linha-dura Maria Corina Machado nesta quarta-feira de liderar planos para depor o presidente do país, Nicolás Maduro, em conluio com autoridades dos Estados Unidos.
As alegações são as mais recentes do governo, que afirma que os três meses de protestos deste ano fazem parte de uma conspiração apoiada pelos Estados Unidos para derrubar o sucessor do falecido Hugo Chávez.
Líderes oposicionistas negam e zombam das acusações, que veem como uma cortina de fumaça para um governo hesitante, dizendo que as manifestações, nas quais 42 pessoas morreram, foram uma reação espontânea à crise econômica, à insegurança e à repressão estatal.
Os principais nomes do governo Maduro se alinharam para uma entrevista à imprensa bastante propagandeada, que os canais de TV locais foram solicitados a transmitir ao vivo, para denunciar Machado e outras figuras da oposição por planos de “assassinato” e “golpe” contra o mandatário.
Eles também acusaram o enviado norte-americano à Colômbia, Kevin Whitaker, de estar envolvido e em contato com Machado. Uma porta-voz da embaixada norte-americana na Colômbia não respondeu de imediato a pedidos para comentar o assunto.
“O que estamos apresentando é parte de uma investigação criminal”, disse Jorge Rodríguez, do governista Partido Socialista, mostrando e-mails que declarou serem prova dos planos.
Machado, que foi crucial para convocar os venezuelanos às ruas para os protestos contra Maduro, desdenhou das acusações, que chamou de “infâmia” na sua conta no Twitter.
Rodríguez mostrou imagens da tela do seu iPad com vários e-mails que ele diz serem de Machado, com linguajar típico de “assassinos seriais”.
“Precisamos limpar essa sujeira, começando do topo, aproveitando o clima global com a Ucrânia e agora a Tailândia, assim que possível”, dizia uma mensagem.
“Chegou a hora de juntar forças, fazer os chamados necessários e obter os fundos para aniquilar Maduro”.
Machado e outro oposicionista linha-dura, Leopoldo López, eram os principais proponentes dos protestos que começaram em fevereiro.
López foi preso ainda naquele mês, e a sua mulher, Lilian Tintori, também próxima de Machado, encontrou-se com o papa Francisco no Vaticano nesta quarta-feira durante uma turnê internacional para angariar apoio para seu marido. Três generais e um capitão do Exército também foram presos em março sob acusações de planos de um “golpe”.
Machado foi destituída do cargo de deputada pelo Parlamento venezuelano, dominado pelos governistas, em março.