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Governo boliviano e indígenas iniciam diálogo depois de meses de conflito

Reunião entre Morales e 25 delegados indígenas foi marcada no Palácio Quemado de La Paz

Evo Morales, presidente boliviano: embaixada dos EUA garante que não há como comprovar a trama (Joel Alvarez/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2011 às 11h51.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, encabeça neste sábado um diálogo entre o governo e indígenas amazônicos em um ambiente mais calmo depois da decisão do chefe de Estado de cancelar a construção de uma estrada que cruzava uma reserva natural.

A reunião entre Morales e 25 delegados indígenas foi marcada no Palácio Quemado de La Paz.

Morales anunciou na sexta-feira que nenhuma estrada atravessará a reserva natural Tipnis, no centro da Bolívia, o que encerrou o conflito com os indígenas amazônicos que marcharam por 65 dias para pedir a anulação desse projeto viário financiado pelo Brasil.

Com essa determinação, "o tema Tipnis foi resolvido", afirmou Morales em uma declaração na casa de governo, feita pouco antes de se reunir com uma delegação de indígenas amazônicos, acampados desde quarta-feira na Praça das Armas de La Paz.

O anúncio de Morales desbloqueou uma tensa situação que começou na quarta-feira, quando centenas de indígenas chegaram a La Paz à espera de um diálogo que não ocorreu durante três oportunidades na quinta-feira.

A decisão presidencial de cancelar o projeto da estrada deve ser referendada pelo Congresso, onde Morales conta com maioria.

Além disso, o "Tipnis foi declarado área intangível", segundo disse o presidente, o que reforça sua qualidade de área protegida onde não poderão ser realizados outros projetos econômicos.

Apesar de os indígenas terem conseguido, ainda que sem falar com o presidente, ter sua demanda atendida, o anúncio de Morales de que "a estrada Villa Tunari-San Ignacio de Moxos ou qualquer outra não atravessará o Tipnis", foi recebido com cautela pela liderança indígena.

Antes de emitir julgamento "temos que falar com o presidente, estabeleceremos nessa conversa as regras do jogo para dialogar e aí vamos analisar de forma conjunta. Portanto, continuam os 16 pontos (de suas demandas) em vigor", disse Fernando Vargas, um dos líderes do protesto.

"Para nós, não há nada resolvido", afirmou Vargas, para quem "da fala ao ato há muito caminho a percorrer".

O anúncio de Morales facilita, no entanto, a negociação de outros 15 pontos de reivindicações feitos pelos indígenas, que caminharam 600 km durante mais de dois meses até chegar a La Paz.

Os indígenas tinham, como principal demanda, cancelar a construção de um trecho de 177 km de estrada que passa pelo Tipnis, de um total de 306 km, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) e realizado pela construtora brasileira OAS.

Mas os indígenas também pedem, entre outros pontos, paralisar as atividades de hidrocarbonetos no Parque Aguaragüe (no sul do país), que fornece 80% da produção nacional de gás, e que o governo reconheça o direito dos indígenas de receberem compensações pela mitigação da emissão de gases do efeito estufa.

O governo afirmou que não pode atender esses pedidos.

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, encabeça neste sábado um diálogo entre o governo e indígenas amazônicos em um ambiente mais calmo depois da decisão do chefe de Estado de cancelar a construção de uma estrada que cruzava uma reserva natural.

A reunião entre Morales e 25 delegados indígenas foi marcada no Palácio Quemado de La Paz.

Morales anunciou na sexta-feira que nenhuma estrada atravessará a reserva natural Tipnis, no centro da Bolívia, o que encerrou o conflito com os indígenas amazônicos que marcharam por 65 dias para pedir a anulação desse projeto viário financiado pelo Brasil.

Com essa determinação, "o tema Tipnis foi resolvido", afirmou Morales em uma declaração na casa de governo, feita pouco antes de se reunir com uma delegação de indígenas amazônicos, acampados desde quarta-feira na Praça das Armas de La Paz.

O anúncio de Morales desbloqueou uma tensa situação que começou na quarta-feira, quando centenas de indígenas chegaram a La Paz à espera de um diálogo que não ocorreu durante três oportunidades na quinta-feira.

A decisão presidencial de cancelar o projeto da estrada deve ser referendada pelo Congresso, onde Morales conta com maioria.

Além disso, o "Tipnis foi declarado área intangível", segundo disse o presidente, o que reforça sua qualidade de área protegida onde não poderão ser realizados outros projetos econômicos.

Apesar de os indígenas terem conseguido, ainda que sem falar com o presidente, ter sua demanda atendida, o anúncio de Morales de que "a estrada Villa Tunari-San Ignacio de Moxos ou qualquer outra não atravessará o Tipnis", foi recebido com cautela pela liderança indígena.

Antes de emitir julgamento "temos que falar com o presidente, estabeleceremos nessa conversa as regras do jogo para dialogar e aí vamos analisar de forma conjunta. Portanto, continuam os 16 pontos (de suas demandas) em vigor", disse Fernando Vargas, um dos líderes do protesto.

"Para nós, não há nada resolvido", afirmou Vargas, para quem "da fala ao ato há muito caminho a percorrer".

O anúncio de Morales facilita, no entanto, a negociação de outros 15 pontos de reivindicações feitos pelos indígenas, que caminharam 600 km durante mais de dois meses até chegar a La Paz.

Os indígenas tinham, como principal demanda, cancelar a construção de um trecho de 177 km de estrada que passa pelo Tipnis, de um total de 306 km, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) e realizado pela construtora brasileira OAS.

Mas os indígenas também pedem, entre outros pontos, paralisar as atividades de hidrocarbonetos no Parque Aguaragüe (no sul do país), que fornece 80% da produção nacional de gás, e que o governo reconheça o direito dos indígenas de receberem compensações pela mitigação da emissão de gases do efeito estufa.

O governo afirmou que não pode atender esses pedidos.

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