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Goldemberg defende revisão em expansão nuclear no país

Físico da USP acredita que governo deveria revisar a segurança do setor antes de permitir a construção de novas usinas nucleares

José Goldemberg também destacou que o custo das usinas nucleares é alto (Germano Lüders/EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2011 às 16h49.

Brasília – Após o vazamento de material radioativo no Japão, devido ao terremoto e ao tsunami que devastaram o Nordeste do país, o Brasil precisa rever os planos de construção das novas usinas nucleares. A afirmação foi feita hoje (23) pelo físico da Universidade de São Paulo (USP) José Goldemberg, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional.

Para ele, as autoridades brasileiras precisam adotar uma nova postura diante do programa nuclear. “Seria conveniente que as autoridades brasileiras olhassem os problemas com certa humildade, e fizessem uma avaliação antes de se envolverem em planos de expansão”, disse.

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Atualmente, estão em funcionamento, gerando energia, as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2. Além da usina nuclear Angra 3, que deve ser concluída em 2015, estão previstas pelo menos mais quatro usinas, duas no Nordeste e duas na Região Sudeste.

Goldemberg lembrou que, na década de 70, cerca de 30 reatores eram postos em funcionamento por ano, no mundo. Atualmente, estão sendo instalados de três a quatro. Uma das razões para essa estagnação, segundo ele, foi o aumento do custo dos reatores provocado pela necessidade de melhorar a segurança das usinas.

“O custo da instalação de um reator nuclear triplicou entre 1985 e 1990. Por isso, alguns países estão buscando outros caminhos.Na Alemanha, por exemplo, serão desativados todos os reatores com mais de 30 anos.”

De acordo com o físico, o tempo útil de um reator nuclear é relativo. À medida que as peças ficam gastas, vão sendo substituídas. Existem, hoje, reatores com mais de 40 anos de uso. Perguntado sobre a segurança dos reatores brasileiros, Goldemberg afirmou que são equipamentos seguros. “A segurança das usinas nucleares brasileiras é de nível internacional. Não são piores, nem melhores [as usinas brasileiras]. É seguro, assim como os japoneses também achavam [que os reatores deles eram seguros]”, concluiu.

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