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Globovisión confirma decisão de não confrontar "chavismo"

O apresentador da emissora Kico Bautista se demitiu após difundir um comício do líder opositor Henrique Capriles

Manifestantes expressam apoio ao canal Globovisión em Caracas (AFP / juan barreto)

Manifestantes expressam apoio ao canal Globovisión em Caracas (AFP / juan barreto)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2013 às 07h35.

Caracas - A demissão do apresentador Kico Bautista da Globovisión por difundir um comício do líder opositor Henrique Capriles confirmou nesta segunda-feira a decisão do canal de TV aberta de evitar qualquer confronto com o governo do 'chavista' Nicolas Maduro, assinalaram analistas.

Bautista confirmou à AFP que foi despedido por divulgar em seu programa "Buenas Noches", na sexta-feira passada, um fragmento do discurso de Capriles ignorado pela Globovisión, até então o único canal da TV aberta a cobrir as atividades da oposição.

A direção da Globovisión emitiu uma nota na noite desta segunda-feira rejeitando a versão de Bautista e garantindo que o canal não está vinculado a qualquer corrente política.

"A junta diretora jamais vetou um funcionário ou dirigente político na tela da Globovisión (...), nossa política editorial consiste em ampliar a linha de informação e de opinião a todas as vozes, sem qualquer discriminação".

Sobre o motivo do fim do contrato com Bautista, a Globovisión afirmou que o jornalista denunciou uma "suposta demissão" do deputado opositor Ismael García, quando a saída deste foi uma "resolução amigável".

García, um ex-chavista agora na oposição que divulgou na semana passada um polêmico áudio no qual se fala de supostas divisões no governo, participava no programa dominical "Alô Venezuela" da Globovisión, mas na quinta-feira foi anunciada sua saída do canal em um acordo entre as partes.

A emissora também confirmou o fim do contrato dos jornalistas Carla Angola e Pedro Luis Flores, que trabalhavam com Bautista, mas destacou que a saída aconteceu em termos amigáveis.

Analistas consultados pela AFP concordaram que a demissão de Bautista confirma a mudança da linha editorial da Globovisión antecipada pelos novos donos do grupo para se evitar confronto com o governo e obter a renovação da concessão do canal em 2015.

"Estes novos donos precisam ter alguma conexão com o governo. Não podem comprar o canal e manter sua linha crítica, de confrontação, quando a concessão está por vencer", disse à AFP Marcelo Bisbal, especialista em comunicação da Universidade Central da Venezuela.


Até o dia 13 de maio, a Globovisión pertencia à família Zuloaga, que combatia o 'chavismo' e cujo patriarca, Guillermo Zuloaga, fugiu para os Estados Unidos após ser acusado de 'usura' e 'formação de quadrilha'.

"Ninguém investe dinheiro para perder dinheiro. Os novos donos querem se manter neutros", destacou Bisbal, que não descarta a ligação dos novos proprietários com altos dirigentes 'chavistas'.

A Globovisión foi adquirida por três investidores, liderados por Juan Cordero, ligado à área de seguros e ao mercado de Valores.

Segundo Bautista, o próprio Cordero determinou sua demissão "devido à exibição de trechos do comício de Capriles...".

Carlos Correa, diretor da organização defensora da liberdade de expressão Espaço Público, considera que os novos proprietários da Globovisión tomaram a decisão de restringir os espaços da oposição com uma "perspectiva de mercado", para "não perder um negócio".

"Um canal pode mudar sua linha, mas deve ficar atento à audiência. Os antigos proprietários tinham uma linha editorial e política que era válida. Se agora restringem o acesso à oposição, vão ter sua oferta informativa afetada".

Segundo Bautista, "querem colocar a Globovisión no centro e não concordo. O presidente (Nicolás) Maduro não necessita de nossa cobertura, tem todo o aparato estatal para fazê-lo. A Globovisión era o contrapeso à mídia oficial".

Nesta segunda-feira, Maduro acusou a rede de televisão americana CNN de promover, por meio de seu canal de notícias em espanhol, um golpe de Estado na Venezuela, em uma "guerra psicológica" dos meios de comunicação contra seu governo.

O canal de notícias "CNN em espanhol é uma televisão posta a serviço da desestabilização, que pede abertamente o golpe de Estado na Venezuela, que tergiversa a vida política e social de nossa pátria", disse Maduro em um ato público transmitido pela televisão estatal.

A acusação de Maduro contra a CNN foi feita enquanto criticava a imprensa de todo o mundo em geral, sem citar nomes, exceto o desse canal, reprovando uma suposta "guerra psicológica brutal" contra a Venezuela e seu governo, que seria impulsionada pela "direita fascista".

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