Fronteira da Irlanda segue travando Brexit, dizem Reino Unido e UE
Londres e Bruxelas querem manter a fronteira entre a Irlanda do Norte, administrada pelo Reino Unido, e a Irlanda, membro do bloco, aberta após separação
Reuters
Publicado em 6 de novembro de 2018 às 18h14.
Londres/Bratislava - Um acordo do Brexit está próximo, mas ainda não se concretizou por causa das diferenças a respeito da fronteira irlandesa, disseram o Reino Unido e a União Europeia nesta terça-feira, quando a libra esterlina oscilou devido às percepções conflitantes sobre o quão difícil será para a primeira-ministra britânica, Theresa May , fechar um acordo.
"Ainda não chegamos aos 100 por cento", disse o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, em uma coletiva de imprensa. "O que falta é uma solução para a questão da Irlanda".
Londres e Bruxelas querem manter a fronteira entre a Irlanda do Norte, administrada pelo Reino Unido, e a Irlanda, membro do bloco, aberta após a separação britânica do bloco, algo visto como crucial para o acordo de paz da Sexta-Feira Santa de 1998, que encerrou décadas de confrontos sectários na Irlanda do Norte.
Embora os arranjos finais sobre a divisa estejam programados para ser resolvidos como parte de negociações comerciais posteriores, uma solução emergencial para o caso de tais conversas fracassarem está se mostrando complicada - é difícil conciliar o desejo britânico de deixar a união aduaneira com a preservação da integridade do mercado comum da UE.
Barnier disse que a UE está trabalhando para melhorar sua oferta para uma solução emergencial, que seria um arranjo para manter a fronteira irlandesa aberta independentemente das consequências do Brexit, mas que ela tem que ser viável.
Londres quer que a solução emergencial seja temporária, mas a UE resiste a qualquer insinuação de que ela possa expirar. Barnier disse que ela não pode ter um prazo. Ele alertou que, sem um acordo que evite uma fronteira dura na Irlanda, o Reino Unido deixará a UE em menos de cinco meses sem um período de transição.
May disse ao seu gabinete que é preciso trabalhar mais na solução emergencial e que, embora o acordo de separação esteja 95 por cento completo, a Irlanda do Norte é de longe a principal pendência.
Não está claro se é possível firmar um pacto a tempo para realizar uma cúpula de emergência de líderes em novembro na qual tal pacto seria ratificado. May disse aos seus ministros que o objetivo de fechar um acordo não será atingido "a qualquer preço".
O premiê irlandês, Leo Varadkar, disse estar aberto a uma linguagem criativa e a soluções criativas para a questão, mas reiterou a visão de seu país de que a cláusula sobre a solução emergencial em um acordo do Brexit não pode ter prazo de validade ou uma cláusula de saída unilateral.