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França forma novo governo após renúncia surpresa

A França se prepara para estrear um novo governo amanhã, após a renúncia surpresa do Executivo apresentada hoje pelo primeiro-ministro

Primeiro ministro francês Manuel Valls: Valls foi o encarregado de formar novo governo (Charles Platiau/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 13h51.

Paris - A França se prepara para estrear um novo governo na terça-feira, após a renúncia surpresa do Executivo apresentada nesta segunda-feira pelo primeiro-ministro socialista, Manuel Valls, ao presidente François Hollande , que o encarregou de formar uma nova equipe "em coerência" com as orientações que ele definiu para o país.

O Executivo formado por Valls em abril, após a derrota socialista nas eleições municipais, rompeu após um agitado fim de semana no qual o ministro da Economia, Arnaud Montebourg, e o de Educação, Benoît Hamon, criticaram a política de austeridade econômica do governo e pediram uma mudança radical.

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É quase certo que Montebourg, representante da ala mais esquerdista do Partido Socialista, que convocou uma entrevista coletiva para esta tarde, ficará fora da nova estrutura.

O assunto é, no entanto, delicado pois o ministro da Economia interino ficou na terceira posição nas primárias socialistas para as presidenciais de 2012, com 17% dos votos, o que valeu um primeiro ministério, a Reconstrução Produtiva, no governo de Hollande, com Jean-Marc Ayrault como primeiro-ministro.

A incumbência presidencial confirma o sucessor de Ayrault à frente do Executivo, já que é Valls que deve encontrar substituto ou substitutos adequados, para aplicar sem mais dissidências suas direções econômicas.

Valls, cada vez mais perto nas pesquisas de Hollande, que bate o recorde do presidente mais impopular da V República, tem que consolidar em poucas horas uma equipe que defenda sem falha o criticado plano de cortes orçamentários de 50 bilhões de euros em três anos.

Um plano que prevê congelar pensões, salários de funcionários e certos serviços públicos; financiar 30 bilhões de euros de redução de cotações patronais e cumprir com o compromisso de déficit da França com a Comissão Europeia de 3% do Produto Interno Bruto em 2015, em harmonia com a política da chanceler alemã, Angela Merkel.

Essa mudança de governo é necessária, segundo alguns líderes do primeiro partido da oposição, a União por um Movimento Popular, porque esta crise levará os socialistas a perder a maioria parlamentar e a ter de convocar eleições prematuramente.

A deputada ultradireitista europeia, Marine le Pen, presidente da Frente Nacional, o partido mais votado na França nas eleições europeias de maio, pediu a dissolução da Assembleia, para "dar a palavra aos franceses" que, assegura, são contrários à "submissão à União Europeia".

Em plena erupção governamental, Hollande manteve sua agenda do dia, centrada na comemoração de 70° aniversário de Libertação dos nazistas na Segunda Guerra Mundial, e nesta manhã celebrou a Resistência da ilha de Sein (noroeste). Nesta noite pronunciará um discurso em Paris.

Enquanto isso, Valls, na busca de seu novo governo, recebia sucessivamente todos os ministros renunciados, incluindo Montebourg, e outras personalidades políticas, após ter se reunido durante uma hora com Hollande no Eliseu, pouco antes de divulgar o comunicado anunciando a renúncia do governo.

A nota chegou às redações pouco depois que Montebourg disse na emissora "Europe 1" que não tinha intenção alguma de deixar seu posto pelo fato de participar do que ele disse considerar um debate aberto sobre o que acontecerá com a economia do país.

Neste sábado, em entrevista à revista "Le Monde" que terminou destruindo o primeiro Executivo de Valls, Montebourg pedia que fosse deixada em segundo plano a redução do déficit público a todo custo, a "subir a voz" com "a direita alemã" de Merkel, que "impôs a toda Europa a política de austeridade", e alertava sobre o "grave risco de deflação" na zona do euro.

No dia seguinte, Hamon pedia também a Hollande que deixasse de seguir as palavras de ordem de Merkel e estimulasse a oferta ao invés de cortar a despesa, para assim reativar o poder aquisitivo dos consumidores .

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