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Formas primitivas de cozimento matam 2 milhões por ano no mundo

A fumaça que emana de cozimento com combustíveis como carvão enche os espaços sem ventilação das moradias, provocando pneumonia e doença pulmonar crônica

Filipina cozinha para sua família em fogão com carvão em Manilla: ONU lançou associação para estabelecer mercado para cozinhas limpas e combustíveis eficientes
 (Romeo Gacad/AFP)

Filipina cozinha para sua família em fogão com carvão em Manilla: ONU lançou associação para estabelecer mercado para cozinhas limpas e combustíveis eficientes (Romeo Gacad/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2011 às 13h46.

Washington - As formas primitivas de cozinhar alimentos no interior de uma casa, usadas pela metade da população mundial, provocam cerca de 2 milhões de mortos por ano, revelou nesta quinta-feira um estudo, que destaca um plano do Peru para resolver o problema.

Cerca de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo cozinham no interior de suas casas com combustíveis como madeira ou carvão, mas pouco se sabe sobre o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) descreve como a principal causa de morte global de origem ambiental.

A fumaça que emana dessas formas de cozimento primitivas enche os espaços sem ventilação das moradias, provocando pneumonia e doença pulmonar crônica e afetando especialmente mulheres e crianças, que passam mais tempo dentro de casa.

Facilitar o acesso de moradores de regiões remotas ou pobres a cozinhas mais eficientes poderá ajudar a melhorar a saúde de milhões de pessoas ou permitir que as crianças frequentem a escola em vez de perder tempo recolhendo madeira e outros combustíveis, informou o estudo publicado pela revista Science.

"Muitas pessoas nos países desenvolvidos não se dão conta de que a fumaça do fogo empregado para cozinhar em espaços interiores é um terrível flagelo para a saúde de um grande número de pessoas", disse um dos pesquisadores, Francis Collins, diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos.

"Os esforços internacionais para combater esse flagelo estão começando. O papel dos NIH é apoiar a pesquisa que determinará as formas mais eficientes e rentáveis para fazer isso, protegendo ao mesmo tempo a saúde humana".

Um programa nos Andes do Peru teve certo êxito. Nessa região, onde vive 30% da população peruana (10 milhões de pessoas), cerca de 40% das mulheres têm problemas cardíacos e doenças crônicas de obstrução pulmonar.

Além disso, até 60% das crianças estão desnutridas e sofrem de "doenças respiratórias incessantes", afirmou um editorial que acompanha o estudo, escrito pela ex-primeira-dama do Peru, Pillar Nores Bodereau.

A mulher do ex-presidente Alan García fundou um programa chamado Sembrando, uma iniciativa privada que ajuda membros locais da comunidade a construir cozinhas melhores, latrinas e fornos familiares, tudo a um custo de 200 dólares por família.

Nos últimos cinco anos, o projeto atendeu 92.000 famílias nos Andes (cerca de 500.000 pessoas) e os primeiros estudos mostram uma "diminuição substancial das doenças broncopulmonares e um claro aumento na taxa altura/peso das crianças menores de cinco anos", escreveu.

O projeto "inspirou o governo peruano a iniciar uma campanha para construir 500.000 cozinhas limpas em todo o país", completou.

A Fundação Nações Unidas lançou sua própria associação público-privada para estabelecer um mercado para cozinhas limpas e combustíveis eficientes no mundo em desenvolvimento, chamada Aliança Global para Cozinhas Limpas.

A meta desse grupo, que envolve mais de 175 países, fundações, corporações e outras Organizações Não-Governamentais (ONG), é alcançar os 100 milhões de lares com cozinhas e combustíveis mais limpos para o ano 2020.

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