Forças pró-governo sírio executaram 82 civis em Aleppo, diz ONU
Entre os responsáveis pelos crimes estão integrantes do Movimento Al Nuyaba, uma milícia iraquiana que está lutando ao lado do exército sírio
EFE
Publicado em 13 de dezembro de 2016 às 09h06.
Última atualização em 13 de dezembro de 2016 às 10h41.
Genebra - Forças leais ao regime de Bashar al Assad executaram 82 civis, entre eles mulheres e crianças, em quatro distritos de Aleppo, cidade do norte da Síria que é cenário de uma batalha para expulsar os grupos rebeldes, cuja presença se reduziria a uma superfície de apenas um quilômetro quadrado, informou nesta terça-feira a ONU.
Entre as vítimas deste novo massacre há 11 mulheres e 13 crianças, detalhou o porta-voz do Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville.
Colville acrescentou que há corpos nas ruas e que os mesmos não podem ser recolhidos por causa dos bombardeios permanentes.
Entre os responsáveis por esses crimes estão integrantes do Movimento Al Nuyaba, uma milícia iraquiana que está lutando ao lado do exército sírio e de outros grupos ligados ao regime de Assad.
O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos obteve informações de que os milicianos do Movimento Al Nuyaba realizam batidas, entram nas casas e assassinam seus ocupantes, inclusive se são mulheres e crianças.
Outros residentes são executados nas ruas quando tentam fugir ou morrem por causa dos bombardeios e do fogo de artilharia, que são intensos tanto de dia como de noite.
Segundo Colville, há indícios de que vários grupos armados rebeldes começaram a sair de algumas áreas na manhã de hoje, deixando para trás os civis, e agora ocupam uma área que seria de aproximadamente um quilômetro quadrado.
"Os civis pagaram um preço brutal neste conflito e tememos profundamente por aqueles que seguem no último cantinho infernal do leste de Aleppo onde estão os rebeldes opositores", declarou o porta-voz.
Acredita-se que ainda há milhares de civis no leste de Aleppo, uma área que os grupos rebeldes controlaram por três anos e que, em algum momento, chegou a ocupar 70% da cidade que foi o centro econômico e industrial da Síria.
No entanto, muitos teriam preferido não fugir e estariam buscando refúgio onde podem.
Os grupos rebeldes, por sua vez, estão se rendendo e entregando as armas, para depois serem escoltados para fora da cidade pelas forças governamentais, que os separam dos civis que estão fugindo.
Sobre isso, a ONU pediu às autoridades sírias que respeitem a vida e os direitos tanto de civis como dos combatentes que foram capturados ou depuseram suas armas, que estão feridos e fora de combate.
"É incrivelmente difícil neste momento reunir informação e verificá-la. Uma fonte que tínhamos no leste de Aleppo, que era particularmente equilibrada e denunciava os crimes de ambos os lados deixou de dar sinais ontem à noite", relatou Colville.
As suspeitas de que crimes maciços podem estar ocorrendo dentro de Aleppo e também contra os que conseguiram fugir ou foram capturados, sejam civis ou combatentes, são cada vez maiores.
"É preciso monitorar a filtragem que o exército sírio e seus aliados estão fazendo para evitar violações dos direitos humanos, como torturas e execuções sumárias, como as que vimos ao longo deste conflito", enfatizou Colville.
O porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Jens Laerke, disse por sua vez que é preciso "o fim imediato dos combates para poder realizar as evacuações médicas dos civis e levá-los a lugares onde possam ser atendidos".
Por enquanto, 37 mil civis abandonaram Aleppo nos últimos dias e se dirigiram para a zona oeste da cidade, que já era controlada pelo governo, e para seus arredores, mas acredita-se que este êxodo é muito maior.