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FBI é criticado por não ter informado sobre Petraeus

Petraeus, conhecido nos EUA como herói da Guerra do Iraque, renunciou ao cargo de diretor da CIA ao admitir que teve um caso extraconjugal com a biógrafa Paula Broadwell


	Agentes do FBI encontraram no computador a documentação que o ex-diretor negou ter repassado para Broadwell
 (©AFP / Mandel Ngan)

Agentes do FBI encontraram no computador a documentação que o ex-diretor negou ter repassado para Broadwell (©AFP / Mandel Ngan)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2012 às 18h47.

Washington - As críticas ao FBI (polícia federal americana) por não ter informado sobre a investigação que revelou o caso extraconjugal do ex-diretor da CIA, David Petraeus, desde o início, cresceram nesta segunda-feira por conta da divulgação de um vídeo no qual a amante do general dá detalhes, até então não revelados, do ataque ao consulado dos EUA na Líbia.

Petraeus, conhecido nos EUA como herói da Guerra do Iraque, renunciou ao cargo de diretor da CIA ao admitir que teve um caso extraconjugal com a biógrafa Paula Broadwell.

A amante, se sentindo ameaçada por uma terceira mulher, começou a fazer ameaças pela internet, o que fez com que a vítima pedisse proteção ao FBI.

A imprensa americana identificou a vítima do cyberbullying cometido por parte da amante de Petraeus como Jill Kelley, uma mulher que reside em Tampa e é amiga da família do general reformado.

Kelley foi supostamente acossada por Paula Broadwell por motivos ainda desconhecidos.

A investigação contra Broadwell revelou a relação extraconjugal de Petraeus, sobre a qual altos responsáveis do FBI e do Departamento de Justiça foram informados em julho, segundo ''The New York Times''.

O FBI ''tinha a obrigação absoluta de informar'' imediatamente o presidente sobre uma investigação que envolvia o chefe da CIA, sustentou nesta segunda-feira o congressista republicano Peter King, membro do Comitê de Segurança Nacional da câmara baixa, em entrevista à rede ''MSNBC''.

Para King, o FBI foi ''negligente'' no caso de Petraeus, ''uma peça chave da equipe do presidente'', especialmente em política externa.


A presidente da Comissão de Inteligência do Senado, a democrata Dianne Feinstein, declarou à mesma rede que ficou perplexa após saber que vários congressistas, entre eles o líder dos republicados na câmara baixa, Eric Cantor, souberam do romance e da investigação sobre Broadwell antes que Obama.

Michael Hayden, que dirigiu a CIA no governo de George W. Bush, em entrevista à rede ''Fox News'', qualificou de ''misteriosa'' a data escolhida para o anúncio da renúncia de Petraeus, que aconteceu três dias depois das eleições de 6 de novembro, quando Obama foi reeleito.

No entanto, Hayden assinalou que, em sua opinião, o FBI tratou de equilibrar a aplicação da lei, que estabelece a comunicação deste tipo de indagações, quando a segurança nacional está em jogo, com a privacidade dos envolvidos.

As dúvidas não rondam apenas o momento escolhido para divulgar a investigação e a posterior renúncia de Petraeus, mas também sobre as informações que Broadwell teve acesso durante sua relação com o diretor da CIA.

Agentes do FBI encontraram no computador que a amante de Petraeus entregou voluntariamente, a documentação que o ex-diretor negou ter repassado para Broadwell.

Em discurso na Universidade de Denver, em 26 de outubro, gravado em vídeo e que foi divulgado por vários meios de comunicação, Broadwell faz afirmações surpreendentes sobre o ataque ao consulado dos EUA em Benghazi (na Líbia), ocorrido em setembro.


Broadwell, ex-oficial de inteligência militar, afirma nesse discurso que um grupo de líbios atacou o consulado para resgatar prisioneiros de guerra, que estavam em um edifício anexo da CIA, além de sugerir que o próprio Petraeus manejava essa informação, o que implicaria que o ex-diretor pode ter sido sua fonte.

Os motivos deste ataque continuam sob investigação, já que no início, o governo de Obama o atribuiu a um protesto por um vídeo que difamava Maomé, e depois defendeu a teoria de um ato terrorista e o vinculou à Al Qaeda.

Petraeus deveria comparecer em uma audiência no Congresso na sobre o atentado de Benghazi, na quinta-feira, mas o recém-nomeado diretor interino da CIA, Mike Morell, será o substituto.

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