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Exército iraquiano intensifica campanha contra jihadistas

Tropas de Bagdá e seus aliados romperam no domingo o cerco que durante 11 semanas foi imposto pelos jihadistas à cidade turcomana xiita de Amerli

Combatente de milícia iraquiana em confronto com militantes do Estado Islâmico em Tuz Khurmatu, na província de Salaheddin (JM Lopez/AFP)
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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2014 às 15h36.

Cerca de Yankaja - As tropas iraquianas, os combatentes curdos e os milicianos xiitas , apoiados pela aviação americana, intensificaram nesta segunda-feira a contraofensiva contra os insurgentes jihadistas no Iraque , onde ao menos 1.420 pessoas morreram de forma violenta em agosto.

As tropas de Bagdá e seus aliados se viram encorajados depois de romper no domingo o cerco que durante 11 semanas foi imposto pelos jihadistas à cidade turcomana xiita de Amerli, no norte.

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Este foi o maior êxito do governo iraquiano desde que os insurgentes liderados pelo Estado Islâmico (EI) lançaram uma ofensiva em junho com a qual tomaram amplas zonas ao norte e a oeste de Bagdá.

Além disso, foi a primeira vez em que os Estados Unidos lançaram ataques aéreos contra alvos fora do norte curdo do Iraque, no qual havia se concentrado desde o início de sua campanha aérea, há três semanas.

Os moradores de Amerli, em sua maioria turcomanos xiitas, corriam risco tanto por sua fé, considerada uma heresia pelos jihadistas sunitas, quanto por sua resistência aos milicianos, que já aplicaram duras punições em outros lugares.

O primeiro-ministro em fim de mandato, Nuri al-Maliki, afirmou em declarações à televisão nesta segunda-feira durante uma visita a Amerli que o Iraque será o túmulo para os jihadistas.

As forças iraquianas mantinham o ritmo nesta segunda-feira, quando os peshmergas (soldados curdos) e os milicianos recuperaram Sulaiman Bek, ao norte de Amerli.

"Sulaiman Bek está sob controle de forças combinadas", mas ainda há risco pelos explosivos que os rebeldes podem ter deixado para trás, afirmou Shallal Abdul Baban, funcionário da zona.

Os soldados iraquianos, os peshmergas e os milicianos xiitas também cercaram a cidade próxima de Yankaja, que tentavam tomar dos jihadistas.

Mais de 1.400 mortos em agosto

Os Estados Unidos afirmaram ter realizado quatro ataques aéreos na zona de Amerli, expandindo assim a campanha fora da zona norte do país, e apoiando operações nas quais participavam forças que haviam combatido anteriormente.

Além dos Estados Unidos, França, Reino Unido e Austrália também enviaram ajuda humanitária a Amerli, mas os suprimentos ocidentais eram esperados nesta cidade.

A Alemanha se somou à resposta internacional para armar os curdos iraquianos que combatem os jihadistas. A chanceler Angela Merkel defendeu nesta segunda-feira no Bundestag a decisão de enviar lança-coletes anti-tanques, rifles e granadas devido à ameaça que os jihadistas do EI representam para a Europa e para a Alemanha.

Merkel se referiu aos cerca de 400 alemães que se uniram às fileiras do EI na Síria e no Iraque, afirmando que deve-se "temer que estes combatentes voltem um dia".

Para a chefe do governo alemão, a ajuda militar a um grupo em um conflito, algo a que a Alemanha geralmente se opõe, deve ser estudada caso a caso. "Às vezes são necessários meios militares para poder alcançar uma solução política", disse, considerando que este não é ocaso do Iraque.

As forças curdas apoiadas por ar pelos Estados Unidos conseguiram tomar dos jihadistas algumas zonas do norte do Iraque que haviam perdido no mês passado.

Entre elas encontra-se a represa de Mossul, a maior do país, o que lhes garante uma importante fonte de eletricidade e água para os arredores desta cidade, a segunda do país.

A ONU anunciou nesta segunda-feira em Bagdá que ao menos 1.420 pessoas morreram e 1.370 ficaram feridas em agosto de forma violenta no Iraque. Os dados não incluem a província de Al-Anbar (oeste), e é difícil verificá-los nas zonas de combate e naquelas que fogem ao controle do governo.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU examinará nesta segunda-feira em Genebra uma resolução apresentada pelo Iraque e apoiada, entre outros, pela Organização da Cooperação Islâmica, o Movimento de Países não Alinhados, a União Europeia e os Estados Unidos, na qual se pede que enviem urgentemente uma missão que investigue as atrocidades cometidas pelo EI.

O EI e seus aliados controlam amplas zonas do nordeste da Síria e do norte e oeste do Iraque, nas quais proclamaram no fim de junho um califado.

Washington disse que para derrotar este grupo sunita ultrarradical será necessário realizar operações na Síria, mas rejeitou qualquer cooperação com o regime de Bashar al-Assad, embora tenha tentado somar o apoio do Irã, importante aliado de Damasco.

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