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Exército se afasta de Aleppo para permitir saída de rebeldes

As tropas do regime sírio interromperam suas operações de combate por um "período determinado"

Aleppo: o texto acrescenta que o governo está "usando o máximo de sua capacidade para estabilizar a situação em Aleppo" (Abdalrhman Ismail/Reuters)
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EFE

Publicado em 19 de outubro de 2016 às 17h15.

Beirute - O governo da Síria anunciou nesta quarta-feira que suas tropas se afastaram da cidade de Aleppo, no norte do país, para permitir a saída de rebeldes e civis da região, na véspera de uma "trégua humanitária" promovida pela Rússia .

"Foi ordenada a saída dos civis sem restrições, o transporte dos feridos e a saída sem impedimentos dos combatentes com suas armas dos bairros do leste de Aleppo", disse uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Síria em comunicado divulgado pela agência governamental de notícias "Sana".

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Para isso, as tropas do regime sírio interromperam suas operações de combate por um "período determinado", de acordo com a nota, e se afastaram para "permitir que os combatentes saiam pelo leste de Aleppo através de corredores humanitários especiais".

Sobre o futuro dos milicianos que estão deixando a cidade, a fonte garantiu que eles serão contemplados pelo último indulto ordenado pelo presidente do país, Bashar al Assad, benefício garantido aos que se renderem e entregarem suas armas aos agentes.

O texto acrescenta que o governo da Síria está "usando o máximo de sua capacidade para estabilizar a situação em Aleppo".

E afirmou que, sob essa circunstância, os países ocidentais, árabes e regionais interessados em acabar com a violência na cidade deveriam "adotar passos políticos reais e não recorrer à demora".

Apesar das medidas, facções rebeldes e islâmicas presentes em Aleppo preferiram se não pronunciar. Quem também não divulgou sua avaliação sobre a iniciativa foi a Frente da Conquista do Levante (antiga filial da Al Qaeda na Síria), que ouviu das autoridades russas pedidos para deixar a cidade com os demais grupos rebeldes.

A trégua humanitária, no entanto, é vista com ceticismo nos bairros do leste de Aleppo, cercados pelo Exército e controlados pelos insurgentes.

O diretor do Hospital Cirúrgico de Al Bayan, Mahmoud Rahim Abu Bakr, descartou, em declarações à Agência Efe, a possibilidade de alguém deixar a parte sitiada da cidade.

"Esse assunto precisa da aprovação das facções da oposição armada, das organizações da sociedade civil e dos próprios cidadãos. Ninguém o aprovou. Ninguém irá sair", indicou, completando que não houve contato da ONU para retirar doentes e feridos do hospital.

Abu Bark também lembrou que há poucos dias as principais unidades de saúde do leste de Aleppo criticaram uma possível saída dos pacientes a menos que os bombardeios indiscriminados contra hospitais sejam interrompidos e que se proponham mecanismos úteis para proteger os civis.

"Aqui está minha casa e minha família. Não os abandonarei", afirmou o diretor do Hospital Cirúrgico de Al Bayan.

Desde ontem, uma calma relativa se instalou no leste de Aleppo depois do anúncio da cessação dos bombardeios por Rússia e Síria para facilitar o cumprimento da pausa humanitária de amanhã.

No entanto, vários foguetes atingiram hoje a região de Al Meridian, controlada por tropas governamentais, que em resposta abriram fogo contra o distrito de Yamiat al Zahra, de acordo com informações do Observatório Sírio de Direitos Humanos. Também houve confrontos em vários outros pontos de Aleppo.

Antes da entrada em vigor da trégua humanitária, Al Assad conversou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o comunicou que está disposto a continuar o trabalho para estabelecer uma via política para resolver o conflito na Síria.

Segundo a agência de notícias oficial "Sana", o líder sírio, no entanto, reiterou a determinação para lutar contra o terrorismo enquanto tenta a reconciliação com a oposição

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