Ex-presidente de Taiwan é condenado por vazamento de informações sigilosas
O ex-presidente de Taiwan foi condenado a quatro meses de prisão por ajudar a vazar informações sobre a investigação contra o primeiro-ministro em 2013
EFE
Publicado em 15 de maio de 2018 às 11h30.
Taipé - O ex-presidente de Taiwan Ma Ying-jeou, responsável por uma aproximação inédita com a China entre 2008 e 2016, foi condenado nesta terça-feira pelo Tribunal Superior a quatro meses de prisão por ajudar a vazar informações sigilosas.
A sentença de hoje, que reverte outra de inocência ditada por um tribunal inferior em agosto do ano passado, pode ser substituída por uma multa e também cabe recurso.
Os fatos aconteceram em 2013, durante o segundo mandato de Ma, e se referem a informação sobre uma investigação a um legislador opositor, Ker Chien-ming, e às suas conversas por telefone com o então presidente do Parlamento, Wang Jin-ping, membro do mesmo partido de Ma. O então procurador-geral do Estado, Huang Shyh-ming, mostrou a Ma a transcrição das conversas entre Ker e Wang Jin-ping sobre pressões a altos funcionários para deter uma investigação cotra o legislador opositor.
Segundo o Ministério Público, o ex-presidente incentivou Huang a vazar o conteúdo da gravação e informações relacionadas à investigação em curso ao então primeiro-ministro Jiang Yi-huah e ao secretário-geral adjunto do escritório presidencial Lo Chih-chiang. Após tornar público o conteúdo das conversas entre Wang e Ker, Ma tentou, como então chefe do Partido Kuomintang (KMT), tirar Wang da sua condição de legislador pela lista do partido, mas os tribunais o impediram, desencadeando uma crise e luta dentro da formação.
Cientistas políticos taiwaneses consideram que a disputa entre Ma e Wang enfraqueceu o KMT e contribuiu para a sua forte derrota eleitoral em 2016, data em que não só perdeu a disputa para presidência, como também, pela primeira vez, o controle do Parlamento.
Huang foi condenado em fevereiro de 2015 por violar a Lei de Segurança e Vigilância da Comunicação e foi condenado a 15 meses de prisão, que podia ser trocada por uma multa de 457 mil dólares taiwaneses (cerca de R$ 55 mil), que pagou. Em maio de 2016 ele deixou o posto, mas ainda com imunidade parlamentar e em 1º de dezembro foi citado como acusado potencial e julgado, embora a primeira sentença no Tribunal de Distrito de Taipé tenha sido a de inocência.