Evo Morales desiste de pedido por "milícias armadas" na Bolívia
O ex-presidente disse anteriormente que, se voltasse ao país, formaria “milícias armadas” para fazer frente contra o governo
Reuters
Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 15h32.
La Paz — O ex-presidente boliviano Evo Morales voltou atrás, nesta quinta-feira, de uma declaração em defesa da formação de milícias, depois que os comentários causaram revolta no governo interino da Bolívia .
"Alguns dias atrás, minhas palavras sobre a formação de milícias foram tornadas públicas. Minha convicção mais profunda sempre foi a defesa da vida e da paz", disse Morales em um comunicado tuitado da Argentina, onde vive exilado.
No domingo, Morales disse à Reuters que os bolivianos têm o direito de se organizar e defender, sem armas de fogo, do que disse serem ataques do governo interino de seu país, o qual disse ter assumido o poder com um golpe de Estado no final do ano passado.
Na ocasião, ele confirmou ser sua a voz em uma gravação transmitida por uma rádio boliviana pedindo a criação de milícias armadas, "como na Venezuela" -- mas disse que se referia a estilingues, não armas de fogo.
Os comentários levaram o governo interino da Bolívia a enviar uma carta ao ministro das Relações Exteriores argentino, Felipe Solá, pedindo que a Argentina repudiasse as colocações de Morales.
"Ainda não recebemos uma resposta, mas de fato houve uma resposta indireta, implícita, nos alertas que o governo do senhor (presidente argentino, Alberto) Fernández fez ao senhor Evo Morales, avisando que ele deveria baixar o tom de seus comentários e não deveria fazer o tipo de ameaça que claramente flerta com o crime", disse a chanceler interina da Bolívia, Karen Longaric, a jornalistas em La Paz nesta quinta-feira.
O porta-voz da chancelaria da Argentina não quis dizer se o governo conversou com Morales, um ex-plantador de coca, sobre seus comentários.