Evo Morales acusa governo da Bolívia de querer “eliminá-lo” com ataque armado
Ex-presidente e líder do partido MAS sofreu um atentado no último domingo, 27
Agência de Notícias
Publicado em 28 de outubro de 2024 às 07h00.
Última atualização em 28 de outubro de 2024 às 07h02.
O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, acusou neste domingo, 27, o governo do atual presidente, Luis Arce, de querer “eliminá-lo” com um ataque armado supostamente planejado com dois de seus ministros para acabar com o partido Movimento ao Socialismo (MAS), do qual ambos fazem parte.
Em uma declaração no Trópico de Cochabamba, seu reduto político e sindical,Evo, que é o líder do MAS, disse que Arce havia mudado o alto comando militar no dia anterior com um único objetivo: “eliminar Evo Morales”.
De acordo com Morales, em uma reunião com o ministro do Interior, Eduardo del Castillo, e o ministro da Defesa, Edmundo Novillo, o presidente teria planejado o ataque armado.
Em setembro, em entrevista à Agência EFE, o ex-presidente afirmou que o governo tinha planos para “matá-lo” e que Arce havia dito aos seus ministros que "somente eliminando Evo Morales é que vamos eliminar o MAS”.
Evo Morales denunciou que, no início da manhã deste domingo, foi alvo de um atentado enquanto se dirigia da cidade deVilla Tunaripara Lauca Ñ para participar de seu programa dominical na emissora de rádio "Kawsachun Coca".
O ex-presidente disse que um grupo de homens em dois ou três veículos fez vários disparos contra o carro em que ele estava, ferindo o motorista, mas, apesar disso, eles conseguiram fugir, e o incidente foi registrado por uma mulher que o acompanhava.
Arce condenou a violência na política e ordenou “uma investigação imediata e completa para esclarecer esse incidente”. No entanto, alguns líderes sociais simpatizantes do atual governo consideraram o evento como uu “autoatentato”.
Por sua vez, o presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, do bloco governista próximo a Morales, solicitou formalmente à secretária executiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Tania Reneaum, que “providencie medidas para proteger a vida do ex-presidente”, juntamente com a criação de uma comissão para investigar o ataque “de forma objetiva, especializada e imparcial”.
Rodríguez também enviou cartas ao alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, ao secretário geral da ONU, António Guterres, e ao alto representante da União Europeia para Assuntos Externos e Política de Segurança, Joseph Borrel, solicitando que comentassem o ocorrido e garantissem os direitos de Morales.
Esse episódio ocorreu quando se completam duas semanas de bloqueio de rodovias realizado por apoiadores de Morales para exigir que o governo retire os processos legais por tráfico de pessoas e estupro contra o ex-presidente, que eles consideram vítima de uma perseguição política.
Eles também exigem soluções para o aumento dos preços dos alimentos, a falta de dólares, o fornecimento irregular de combustível e o respeito a uma convenção do MAS que, em 2023, declarou Morales o “candidato único” para as eleições presidenciais de 2025.
No sábado, o Ministério das Relações Exteriores da Bolívia denunciou à comunidade internacional que os protestos liderados por Morales “pretendem interromper a ordem democrática” e, pouco depois, Arce mudou o alto comando militar com o pedido de que eles salvaguardassem a ordem pública e a democracia.