Ajuda humanitária: os EUA advertiram que, se não se aproveitar o cessar-fogo, o acordo será rompido e não haverá coordenação militar conjunta
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2016 às 14h12.
Washington - O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, afirmou nesta sexta-feira que seu governo não cooperará militarmente com a Rússia até que a ajuda humanitária comece a fluir na Síria, porque esse é um ponto-chave do acordo que ambas potências alcançaram há uma semana para um cessar-fogo no país.
Em uma conversa por telefone com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, Kerry "deixou claro que os Estados Unidos não estabelecerão o centro de implementação conjunta com a Rússia" de ataques contra o Estado Islâmico (EI) e Al Nusra "a não ser e até que se cumpram os termos estipulados de acesso humanitário".
"Kerry expressou sua preocupação sobre os repetidos e inaceitáveis atrasos na ajuda humanitária, e enfatizou que os Estados Unidos esperam que a Rússia use sua influência sobre o regime de (Bashar al) Assad para conseguir que os comboios humanitários da ONU cheguem a Aleppo e outras áreas necessitadas", disse o Departamento de Estado em comunicado.
O acordo alcançado há uma semana por EUA e Rússia buscava um cessar-fogo de sete dias consecutivos na Síria a partir da segunda-feira passada, após o qual as duas potências estabeleceriam um centro conjunto de operações para atacar coordenadamente posições dos grupos terroristas EI e Al Nusra.
Porém, os Estados Unidos advertiram que, se não se aproveitar a cessação de hostilidades para fazer chegar a ajuda humanitária a Aleppo e outras cidades sitiadas, o acordo será rompido e não haverá coordenação militar conjunta.
O Departamento de Estado declarou esta semana que se conforma com um "aumento gradual" nas entregas de ajuda humanitária para começar a coordenação militar com a Rússia, mas até agora isso não aconteceu.
Em sua ligação telefônica, Kerry e Lavrov "se mostraram de acordo na necessidade urgente que a ajuda humanitária comece a fluir" na Síria, segundo o Departamento de Estado.
Ambos "reafirmaram a importância de estender e solidificar a cessação de hostilidades" entre o regime de Assad, apoiado pela Rússia, e a oposição síria, respaldada pelos EUA.
Por sua parte, a Rússia sustenta que os Estados Unidos devem pressionar mais os grupos opositores que violam continuamente o cessar-fogo e, segundo o governo russo, Lavrov se queixou hoje com Kerry que a lista de grupos que se comprometeram com Washington para respeitar a trégua inclui várias organizações "abertamente terroristas".