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EUA restringe viagens de diplomatas em Israel em meio a temor de ataque do Irã

Embaixada proibiu que representantes diplomáticos deixem as regiões de Tel Aviv, Jerusalém e Beersheba diante da escalada da tensão no Oriente Médio após o bombardeio do consulado iraniano na Síria

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos (Eros Hoagland/AFP)

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos (Eros Hoagland/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 11 de abril de 2024 às 20h50.

Última atualização em 11 de abril de 2024 às 22h06.

A embaixada americana em Israel restringiu as viagens de seus diplomatas no país nesta quinta-feira por razões de segurança. A decisão ocorre em meio à escalada da tensão no Oriente Médio após o bombardeio do consulado iraniano na Síria no início do mês, que Teerã prometeu retaliar. Em nota, a representação anunciou que "os funcionários do governo dos EUA e suas famílias estão impedidos de fazer viagens pessoais [fora das áreas de Tel Aviv, Jerusalém e Beersheba] até novo aviso".

Mais cedo, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pediu ao ministro das Relações Exteriores da China e a outros chanceleres que usem sua influência para dissuadir o Irã de atacar Israel. Blinken conversou por telefone com seus homólogos chineses, turcos, sauditas e europeus "para deixar claro que a escalada não é do interesse de ninguém e que os países devem instar o Irã a não escalar", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, a repórteres.

— Nós alertamos o Irã — reforçou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em uma coletiva nesta quinta-feira.

Também nesta quinta, um comandante militar do Pentágono viajou à Israel para apoiar o país diante do temor de uma represália iraniana. Segundo fontes ouvidas sob anonimato pelo New York Times, o principal comandante militar americano para o Oriente Médio, general Michael Kurill, foi para Israel coordenar ações de defesa em meio ao risco iminente de ataque de Teerã e discutir o andamento da guerra em Gaza contra o grupo terrorista Hamas.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reconheceu nesta quinta-feira que Israel estava enfrentando "tempos desafiadores", observando que "em meio à guerra em Gaza" seu país estava "também preparado para cenários envolvendo desafios em outros setores".

— Determinamos uma regra simples: quem quer que nos fira, nós vamos ferir — disse o premier durante uma visita a uma base aérea.

As informações foram divulgadas um dia depois de o presidente americano, Joe Biden, alertar contra as ameaças de Teerã em represália ao bombardeio contra a representação diplomática iraniana em Damasco. O ataque deixou 11 militares mortos, incluindo um importante comandante da Guarda Revolucionária iraniana, Mohammad Reza Zahedi, líder das Forças Quds — braço do grupo no exterior.

Apesar das reiteradas críticas em relação à condução da guerra em Gaza, Biden prometeu um apoio "firme" à Israel caso Irã o retaliasse. Os Estados Unidos também alertaram para o risco de um ataque partindo de grupos armados financiados por Teerã no Oriente Médio no Iraque, Síria, Líbano e Iêmen, o chamado Eixo da Resistência.

— Como eu disse ao primeiro-ministro Netanyahu, nosso compromisso com a segurança de Israel contra essas ameaças do Irã e de seus representantes é inabalável — disse Biden.

Nos últimos dias, Israel reforçou a sua defesa antiaérea e suspendeu as autorizações de descanso para unidades de combate destacadas desde o início da guerra em Gaza contra o Hamas.

Na quarta-feira, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, voltou a ameaçar publicamente Israel, que não confirmou a sua responsabilidade pelo ataque ao consulado iraniano. Khamenei disse que Israel "deve ser punido e será punido". Dias antes, um dos seus assessores declarou que as embaixadas israelenses "não estão mais seguras".

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, respondeu rapidamente dizendo que "se o Irã atacar a partir do seu território, Israel responderá e atacará o Irã".

Na esteira da retórica inflamada dos últimos dias, a companhia aérea alemã Lufthansa anunciou na quarta-feira a suspensão das conexões em Teerã, devido "à situação atual no Oriente Médio".

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, conversou com seu colega iraniano "sobre a situação tensa" no Oriente Médio nesta quinta-feira, de acordo com seu gabinete.

"Evitar uma nova escalada regional deve ser do interesse de todos", disse ela em um comunicado. "Pedimos a todos os atores da região que ajam com responsabilidade e exerçam a máxima contenção."

Diante dos recentes acontecimentos, a Rússia pediu aos seus cidadãos que evitem viajar para Israel, Líbano e Territórios Palestinos, e apelou aos lados israelense e iraniano pela "moderação" para evitar mais "desestabilização" na região.

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