EUA querem frente internacional contra Estado Islâmico
O secretário de Estado americano, John Kerry, frisou que "a cara do Islã não é a dos carniceiros que mataram Steven Sotloff. Isso é o Isil [Estado Islâmico]"
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2014 às 18h45.
Os Estados Unidos defenderam nesta quarta-feira a criação de uma frente internacional contra os jihadistas no Iraque e na Síria, após a decapitação do segundo jornalista americano em pouco mais de três semanas, enquanto França e Grã-Bretanha examinam a possibilidade de uma ação militar.
"Sabemos que, se a comunidade internacional se unir a nós, podemos continuar reduzindo a esfera de influência do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isil, na sigla em inglês), sua eficácia, seu financiamento, suas capacidades militares", declarou o presidente Barack Obama, referindo-se aos jihadistas do Estado Islâmico (EI), que controlam faixas de território de Iraque e Síria.
As declarações de Obama foram feitas em uma visita à Estônia, antes de seguir na quinta-feira para a cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Gales.
O secretário de Estado americano, John Kerry, frisou que "a cara do Islã não é a dos carniceiros que mataram Steven Sotloff. Isso é o Isil".
Segundo ele, "a verdadeira cara do Islã é a de uma religião pacífica, baseada na dignidade de todos os seres humanos".
A Casa Branca disse ainda que vai abordar a ameaça jihadista com os aliados da Otan com o objetivo de "formar uma coalizão internacional para estabelecer uma estratégia" e que continuará apoiando o Iraque em sua luta contra o EI.
Neste contexto, a União Europeia disse que está "mais comprometida do que nunca em apoiar os esforços internacionais na luta contra o Estado Islâmico".
A França mencionou, inclusive, a possibilidade de uma resposta militar.
Em nota, o presidente francês, François Hollande, ressaltou "a importância de uma resposta política, humanitária e, se for necessário, militar, em respeito ao Direito Internacional" para lutar contra o EI.
Depois da divulgação do vídeo que mostra a execução do jornalista Steven Sotloff, Washington anunciou o envio de mais 350 soldados para o Iraque.
Os Estados Unidos iniciaram uma ofensiva aérea contra os jihadistas nesse país no dia 8 de agosto.
Esses soldados se juntam aos 470 militares mobilizados no país devido ao avanço desse movimento no Iraque em 9 de junho.
Desde então, forças iraquianas e curdas conseguiram retomar dos jihadistas várias zonas ao norte de Bagdá, entre elas a cidade de Amerli.
Por dois meses, essa localidade ficou cercada pelo EI.
"Mensagem aos Estados Unidos"
Ao executar Sotloff, o EI cumpriu a ameaça feita há pouco mais de três semanas em um outro vídeo, que mostrou a decapitação do também jornalista americano James Foley.
Nessa nova gravação, o EI promete matar um terceiro refém, o britânico David Cawthorne Haines.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, classificou o vídeo com a decapitação de Sotloff de "asqueroso" e reuniu seu governo em uma sessão de emergência.
Londres já anunciou que examinará "qualquer opção possível para proteger essa pessoa".
Sotloff, de 31 anos, teria sido sequestrado na Síria em agosto de 2013. Ele trabalhava para as revistas "Time" e "World Affairs".
No vídeo intitulado "Segunda mensagem aos Estados Unidos", o repórter fala olhando para a câmera e diz ser vítima da decisão de Obama de realizar ataques aéreos contra os jihadistas no Iraque.
Com sotaque britânico, o carrasco do jornalista se volta depois para David Haines e ameaça executá-lo.
A gravação é muito parecida com a divulgada em 19 de agosto e que mostra a decapitação de James Foley, de 40 anos, sequestrado em 2012 na Síria.
A organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch afirma que os jihadistas do EI já executaram mais de 500 prisioneiros, possivelmente soldados iraquianos.