EUA querem conter ações de conselho da ONU contra Israel
Governo de Donald Trump argumenta que o Conselho de Direitos Humanos dá uma atenção indevida às violações israelenses contra palestinos
Reuters
Publicado em 1 de março de 2017 às 09h42.
Genebra - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está revendo sua participação no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), onde quer ver uma reforma na pauta e o fim de sua "obsessão com Israel ", disse uma autoridade norte-americana de alto escalão nesta quarta-feira.
Há tempos Washington argumenta que o fórum de Genebra dá uma atenção indevida às supostas violações israelenses contra os direitos humanos, inclusive crimes de guerra contra civis palestinos na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza.
Os EUA "continuam profundamente perturbados pelo foco consistentemente injusto e desequilibrado do Conselho em um país democrático, Israel", disse Erin Barclay, vice-secretária de Estado assistente dos EUA, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Barclay disse que nenhuma outra nação tem todo um item da pauta devotado a ela, e que "esta obsessão com Israel" ameaça a credibilidade da entidade.
Ela questionou se o foco em Israel é uma prioridade sensata, acrescentando que o governo do presidente da Síria, Bashar al-Assad, está bombardeando hospitais e que a Coreia do Norte e o Irã negam as liberdades de religião, de reunião e de expressão a milhões de seus cidadãos.
"Para que este Conselho tenha alguma credibilidade, que dirá sucesso, ele precisa ir além de suas posições desequilibradas e improdutivas", afirmou Barclay.
"À medida que avaliamos nossos engajamentos futuros, meu governo irá analisar as ações do Conselho de olho em uma reforma para cumprir mais plenamente a missão do Conselho de proteger e promover os direitos humanos".
Atualmente os EUA são um membro eleito do fórum de 47 Estados, e seu mandato de três anos termina em 2019.
Não houve reação imediata do Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas na terça-feira seu porta-voz, Rolando Gomez, disse em um boletim: "Os EUA vêm sendo um parceiro muito ativo e construtivo no Conselho há muitos anos, liderando uma série de iniciativas importantes, como as da DPRK (Coreia do Norte), Irã, Síria, os direitos LGBT... e muitos temas que certamente estão na pauta hoje".