EUA estudam incluir Venezuela em lista de patrocinadores do terrorismo
Lista integrada por Irã, Coreia do Norte, Síria e Sudão, está reservada aos países que apoiaram "atos de terrorismo internacional em reiteradas ocasiões"
EFE
Publicado em 20 de novembro de 2018 às 06h51.
Washington - O governo dos Estados Unidos está estudando incluir a Venezuela na lista de países patrocinadores do terrorismo internacional por seus supostos nexos com organizações como o Hezbollah e as desmobilizadas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), segundo publicou nesta segunda-feira o jornal "The Washington Post".
Esta lista, integrada, por enquanto, por Irã, Coreia do Norte, Síria e Sudão, está reservada aos países que apoiaram "atos de terrorismo internacional em reiteradas ocasiões" e acarreta sanções severas.
Cuba também fez parte desta lista - pelos seus supostos nexos com as FARC e com a também desaparecida ETA - entre 1982 e 2015, ano no qual o governo de Barack Obama a retirou, em meio ao processo de aproximação entre os dois países.
Segundo o "Post", que cita funcionários sob condição de anonimato e e-mails governamentais internos, o Departamento de Estado, responsável pela lista, já perguntou a outras agências do governo a sua opinião sobre a inclusão da Venezuela.
As fontes citadas pelo jornal não revelaram se o presidente Donald Trump já tomou a decisão, que entre outras coisas poderia implicar em um embargo ao petróleo venezuelano.
Alguns republicanos, como o influente senador Marco Rubio, acusaram o governo de Nicolás Maduro de ter nexos com o terrorismo internacional e advogaram pela inclusão da Venezuela na lista.
No entanto, as consequências que esta decisão teria para o setor petroleiro fizeram com que outros republicanos de estados com refinarias como o Texas e a Louisiana rejeitassem a medida.
Além disso, especialistas questionam os supostos nexos da Venezuela com organizações terroristas internacionais.
"Suspeito que isto (a inclusão na lista) se baseará em rumores e fontes de integridade questionáveis", afirmou ao "Post" David Smilde, do centro de estudos Escritório de Washington na América Latina (WOLA).
A designação da Venezuela como país patrocinador do terrorismo poderia debilitar a legitimidade internacional da lista, salientaram estes analistas consultados pelo jornal.
Desde a sua chegada à Casa Branca há quase dois anos, Trump endureceu a estratégia americana contra a Venezuela, incluindo sanções econômicas ao próprio Maduro, à sua esposa, Cilia Flores, e à sua vice-presidente, Delcy Rodríguez, entre muitos outros funcionários próximos ao presidente.
O presidente americano também deixou aberta a porta a uma intervenção militar no país caribenho e, segundo o "Post", funcionários do seu governo se reuniram em várias ocasiões com militares venezuelanos interessados em promover um golpe contra Maduro.