EUA e Reino Unido voltam a atacar rebeldes huthis, que prometem vingança
Em um comunicado conjunto, Londres e Washington declararam que lançaram ataques contra "oito alvos huthis no Iêmen
Agência de notícias
Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 12h10.
Última atualização em 23 de janeiro de 2024 às 12h11.
Estados Unidos e Reino Unido atacaram os rebeldes huthis do Iêmen novamente, na segunda-feira 22, para tentar dissuadi-los de continuar sua ofensiva contra navios no Mar Vermelho , ao que os insurgentes iemenitas responderam prometendo vingança.
Em um comunicado conjunto, Londres e Washington declararam que lançaram ataques contra "oito alvos huthis no Iêmen, em resposta aos contínuos ataques dos huthis ao tráfego internacional e comercial, assim como aos navios de guerra que transitam pelo Mar Vermelho".
Os ataques por volta da meia-noite de segunda para terça-feira (18h em Brasília) "foram direcionados especificamente contra um centro de armazenamento subterrâneo dos huthis e contra locais relacionados com as capacidades de vigilância aérea e de mísseis dos huthis", segundo o comunicado.
Nesta terça-feira, 23, no Parlamento, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou que Londres não "hesitará em responder novamente em legítima defesa" às agressões dos huthis.
Desde meados de novembro, estes rebeldes iemenitas têm atacado o que consideram navios ligados a Israel no Mar Vermelho em solidariedade aos palestinos de Gaza, perturbando o tráfego marítimo e levando Estados Unidos e Reino Unido a realizarem ataques retaliatórios.
Desde então, os huthis declararam que os interesses americanos e britânicos também são alvos legítimos.
"Não ficarão impunes"
Os rebeldes relataram 18 ataques de Washington e Londres contra seu território nas províncias de Sanaa, Hodeida, Taiz e Al Bayda, e prometeram, em uma publicação na rede social X, que essas operações "não ficarão impunes".
As forças militares americanas e britânicas lançaram uma primeira onda de ataques contra o grupo iemenita no início de janeiro.
"Esses ataques de precisão visam a interromper e a degradar as capacidades que os huthis têm para ameaçar o comércio mundial e a vida de marinheiros inocentes", detalhou o comunicado conjunto.
"O que fizemos mais uma vez foi enviar a mensagem mais clara possível de que continuaremos a reduzir a capacidade [dos rebeldes] de realizar estes ataques", disse o ministro britânico das Relações Exteriores, David Cameron.
Em um comunicado separado, o Comando Central dos EUA (Centcom) afirmou que os alvos incluíram "sistemas de mísseis e lançadores, sistemas antiaéreos, radares e instalações subterrâneas de armazenamento de armas".
O Irã, patrocinador das atividades dos huthis, que controla parte do Iêmen, incluindo a capital Sanaa, criticou os ataques dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Segundo o ministro das Relações Exteriores do país, Hossein Amir-Abdollahian, citado pela agência oficial de notícias iraniana Irna, essas operações são uma "ameaça à paz e à segurança na região" e "intensificam o alcance da guerra".
Dois meses de ataques
Os huthis reivindicaram na segunda-feira um ataque a um navio militar dos Estados Unidos na costa do Iêmen e disseram estar dispostos a continuar suas ofensivas.
As forças huthis "realizaram uma operação militar dirigida ao navio de carga militar dos Estados Unidos 'Ocean Jazz' no Golfo de Áden", afirmou o porta-voz do movimento, Yahya Saree.
Questionado pela AFP, um funcionário da Defesa dos EUA classificou a informação como "falsa".
Além da ação militar, Washington está tentando exercer pressão diplomática e financeira sobre os huthis. Na semana passada, por exemplo, voltou a classificá-los como uma entidade "terrorista", após terem retirado essa etiqueta logo depois que o presidente Joe Biden assumiu o cargo.
O Iêmen é apenas uma parte da crescente crise no Oriente Médio relacionada com a guerra em Gaza, onde os bombardeios incessantes e a ofensiva terrestre de Israel causaram a morte de pelo menos 25.490 pessoas, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.
A campanha de Israel começou depois que os ataques sem precedentes do Hamas em 7 de outubro causaram a morte de cerca de 1.140 pessoas em Israel, na maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
O aumento das tensões e da violência no Oriente Médio, com a participação de grupos apoiados pelo Irã no Líbano, Iraque, Síria e Iêmen, tem avivado o temor de um conflito regional mais amplo.