EUA aliviados ante interrupção do vazamento de petróleo
A British Petroleum anunciou na tarde de ontem que conseguiu interromper, pela primeira vez desde 20 de abril, o derramamento de óleo no Golfo do México
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
Nova Orleans - O grupo britânico BP conseguiu cortar pela primeira vez o vazamento de petróleo que desde abril contamina sem parar o Golfo do México, o que gerou esperanças entre os americanos de ver interrompido o pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
Apesar de o presidente Barack Obama alertar que não se teve comemorar antes da hora, a notícia de que as três válvulas do gigantesco funil foram fechadas na quinta-feira (15) lançou um raio de esperança para os residentes do litoral poluído e cujos meios de vida foram devastados.
Em Londres, as ações da BP subiam 4,29% nesta sexta-feira (16), depois de um desastre que até o momento custou à companhia britânica 3,5 bilhões de dólares. As indenizações pelos danos causados pelos milhões de petróleo derramado poderão superar dez vezes mais essa cifra.
O anúncio foi feito pelo vice-presidente sênior da BP, Ken Wells, depois que, na tarde de quinta-feira os engenheiros da companhia fecharam a última das três válvulas do funil colocado sobre o poço danificado.
"É bom ver que nenhum petróleo está vazando para o Golfo do México", declarou Wells.
A notícia da contenção do vazamento foi comemorada pelo presidente Obama, afirmando que é "um sinal positivo", embora também tenha alertado que o procedimento ainda está no começo.
Ele afirmou que o fluxo de petróleo foi interrompido quando a última das três válvulas do gigantesco funil foi fechado por volta das 2h25 locais (16h25 de Brasília) desta quinta-feira, mas os engenheiros acompanham atentamente a operação para ver se o petróleo começa a vazar novamente.
Este é o maior passo já dado para conter a pior catástrofe ambiental da história dos Estados Unidos desde que a plataforma da BP naufragou, em 22 de abril, dois dias depois de uma grande explosão na Deep Horizon, que matou 11 trabalhadores.
O crucial "teste de integridade" do poço danificado, iniciado esta quinta-feira, "demorará pelo menos seis horas e poderia durar até 48 horas", anunciou a empresa em um comunicado.
Previsto inicialmente para a terça-feira, o teste foi atrasado pelo governo americano, que procurou afastar todos os riscos e deu a autorização para a sua realização, na quarta-feira.
Mas um contratempo voltou a atrasá-lo até a quinta-feira, depois que os engenheiros da BP detectaram uma fuga na tubulação durante os preparativos do teste, que foi reparado durante a noite.
O teste de pressão, destinado a avaliar a resistência da boca do poço, que se espalha por 4 km abaixo do leito marinho, a 1.500 metros de profundidade, inclui o fechamento das válvulas do funil de 75 toneladas instalado na segunda-feira sobre o duto danificado, em substituição ao vazamento de um modelo precedente.
Uma leitura de alta pressão permitiria manter fechadas as três válvulas e selar o poço. Uma baixa pressão, ao contrário, significaria que há uma perda em uma parte do revestimento do poço petroleiro.
Se o poço não puder ser totalmente selado com o dispositivo, a BP planeja instalar o primeiro de dois poços de emergência para conter definitivamente o vazamento.
"Seria uma ótima notícia se pudéssemos fechar o poço", disse, cauteloso, o almirante Thad Allen, supervisor do governo americano para os trabalhos de contenção do vazamento, ao anunciar na quarta-feira a autorização para os testes.
"Não quero alimentar esperanças de que poderemos fechar o poço até que tenhamos os dados empíricos que precisamos", acrescentou.
A Agência Internacional de Energia (AIE) avalia que o naufrágio da Deepwater Horizon, em 22 de abril, tenha provocado um vazamento de 2,3 a 4,5 milhões de barris de petróleo no Golfo do México até agora.